Não baixamos os braços!

Se há autarcas como Rui Moreira que primam pela proactividade na resposta pronta aos munícipes, outros há que pura e simplesmente se tornaram como o vírus, invisíveis.

Texto Paulo Neto Fotografia Direitos Reservados (DR)

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  • 21:32 | Quarta-feira, 01 de Abril de 2020
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Há dias elenquei quase 3 dezenas de medidas e sugestões que a autarquia deveria, na minha modesta opinião, analisar, equacionar e colocar em prática se tais fossem entendidas válidas e nessa perspectiva assumidas como suas.

Não significa que aquelas que, entretanto, foram anunciadas não sejam importantes, mas são manifestamente curtas e incapazes de dotar as famílias viseenses e as empresas do concelho de recursos que lhes permitam enfrentar os difíceis tempos de pandemia económica que se avizinham.

Impossibilitados de prosseguir a política da propaganda e foguetório torna-se agora mais evidente que o concelho não tem liderança com visão e vontade para ultrapassar esta crise ou qualquer outra crise. Só a notória participação cívica dos cidadãos enquanto profissionais de saúde, forças de segurança, bombeiros e todos os demais que asseguraram os serviços essenciais tem permitido ultrapassar e até limitar os turbulentos momentos que a pandemia trouxe.


Se há autarcas como Rui Moreira que primam pela proactividade na resposta pronta aos munícipes, outros há que pura e simplesmente se tornaram como o vírus, invisíveis.

Também na área da coordenação da saúde o panorama é muito similar, senão mesmo pior, excepção honrosa seja feita ao Hospital Distrital Tondela Viseu e a todos os seus profissionais da saúde.

O vírus não escolhe raças, partidos, cargos nem pessoas e a notícia de que um dos responsáveis máximos terá sido infectado, e por isso se desejam rápidas melhoras, é prova o quanto, de repente, a falta de planeamento, de delegação de tarefas e definição de instruções e procedimentos pode ser assustadoramente geradora de colapsos no sistema.

Numa área onde parece não haver uma hierarquia funcional capaz de numa situação de ausência se substituir mantendo a rotina necessária do sistema, a falta de um elo interrompe toda a cadeia de decisão e isso é crítico. Portanto, se antes não se sabia quem na saúde coordenava, a sensação que se fica é a de que agora entre o cidadão e o HDTV não há quem faça a ponte.

Quem responde por isto, sabem?

É sabido, como há dias escrevia Steve Horwitz, que “os custos económicos são custos humanos e todos os custos humanos têm custos económicos”, por isso é tempo agora de unirmos esforços para salvarmos vidas e muito em especial os mais vulneráveis e idosos do concelho.

Desde logo é urgente que além dos cidadãos e empresas que já o estão a fazer, a Autarquia e demais Entidades Públicas:

– Continuem a apoiar o HDTV no apoio à administração, quer na recolha de material de protecção individual, de equipamentos médico sanitários, de donativos em espécie e numerário para as necessidades dos profissionais de saúde e hospitalares e ainda apelar aos dadores de sangue para reforço dos stocks do hospital;

– Prepararem em tempo útil os recursos necessários e os locais para a eventualidade de se ter que montar um hospital de campanha em apoio do HDTV em colaboração e com a orientação médica deste.

– Se tenham em especial atenção os lares e IPSS do concelho através da Segurança Social de Viseu, com o apoio da Autarquia para:

– Desburocratização do processo de apoio financeiro e urgente a essas instituições;

– Apoio em material de protecção individual a todos os funcionários que asseguraram o serviço nessas áreas, apelando à colaboração de cidadãos e empresas;

– Constituir uma bolsa de voluntariado especializado para acorrer a necessidades urgentes de rotatividade e descanso ou quarentena de equipas; apoiar a constituição destas equipas com acções de formação intensiva e muito pragmatizada nestas exigentes áreas do trabalho com idosos;

– Preparar em unidades hoteleiras do concelho instalações para em caso de extrema necessidade se acolherem idosos e utentes de lares que tenham que ser evacuados, ou outros que a partir do seu domicílio o HDTV já não possa acolher;

– Constituir equipas de apoio domiciliário em colaboração com o HDTV para apoio a doentes Codiv-19;

– Prestar apoio psicológico a famílias e doentes com o Codiv-19.

– Se continue a manter e se reforce o demais apoio de rectaguarda que é necessário preparar e manter junto das Forças de Segurança e em especial junto dos Bombeiros Municipais e Voluntários, sendo que para o efeito:

– Adiantar desde já o apoio financeiro anual a essas instituições para que constrangimentos monetários não comprometam o socorro a pessoas;

– Apoiar em material de protecção individual todos os agentes e membros da protecção civil que asseguraram o serviço nessas áreas apelando à colaboração de cidadãos e empresas;

– Constituir uma bolsa de voluntariado para apoiar nas tarefas administrativas, limpeza ou logísticas básicas aliviando as escalas de rotatividade e descanso ou quarentena de equipas;

– Preparar em unidades hoteleiras do concelho instalações para em caso de extrema necessidade indivíduos ou equipas possam realizar a quarentena nesses espaços, sem colocar em risco as respetivas famílias;

– Constituir equipas de apoio domiciliário para apoio às famílias desses profissionais e agentes libertando-os para as tarefas de segurança e protecção civil no concelho;

Todo o pouco agora é muito. Cada um à sua maneira pode colaborar. O concelho, as nossas gentes e o nosso País merecem.

Esta é uma luta de todos e não se pode cometer o erro de deixar depositado nos ombros dos profissionais de saúde do HDTV toda a esperança e responsabilidade neste combate.

Também eles são humanos, têm famílias e o cansaço irá vencê-los se não forem apoiados e aliviados no esforço que diariamente estão a conduzir.

O HDTV também tem limites e se não contribuirmos para que esses limites não sejam ultrapassados, em breve se verão na necessidade de socorrer uns viseenses e deixar outros às sortes.

E se esse que fica abandonado for o vosso pai? E se for um de nós?

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Publicado em Opinião