Será um mito ou uma verdade científica que o comportamento de homens e mulheres é diferente?
Estudos recentes levados a cabo por cientistas de diferentes áreas, revelam que existem diferenças entre o cérebro de um homem e de uma mulher, logo processam a informação de forma distinta, o que resulta em diferentes visões, aptidões e comportamentos.
Assim se explica, uma maior aptidão e preferência por áreas que tenham como base a matemática por parte do sexo masculino e a facilidade com que as mulheres lidam com assuntos que tenham a ver com as emoções.
Concluir que um dos sexos é melhor do que o outro, ou que não há excepções à regra, pode ser muito perigoso e sexista. Se assim fosse, não existiriam mulheres engenheiras, pilotos de avião, astronautas ou cientistas, nem homens psicólogos, assistentes sociais ou psiquiatras.
Os homens são mais calados, têm mais dificuldade em expressar emoções e orientam-se melhor. As mulheres são mais faladoras, fazem mil coisas ao mesmo tempo e perdem-se ao virar da esquina. Haverá muito poucos homens que ao mesmo tempo consigam cozinhar, ajudar o filho nas tarefas da escola e ainda dar uma espreitadela para a televisão.
Estas diferenças entre homens e mulheres são explicadas tendo por base estudos que remontam aos tempos da pré-história, segundo os quais, os papéis eram distintos para cada um dos sexos: os homens caçavam, as mulheres cuidavam dos filhos, das colheitas, dos agasalhos e da alimentação. Foi esta organização das tarefas que levou ao aperfeiçoamento diferenciado das várias regiões do cérebro.
Quando os homens saíam para caçar para assegurarem o alimento da família, era fundamental dominar melhor a noção de espaço e de distância e, é por isso que os homens, têm melhor sentido de orientação e uma visão muito mais global e à distância o que explica porque hoje têm melhor pontaria do que as mulheres nos jogos de setas ou no tiro ao alvo. Quando pedimos a um homem para nos trazer a manteiga que está no frigorífico, muitas vezes a resposta é: não a encontro! A explicação para este comportamento tem a ver com o facto de o homem ver o todo e não se fixar nos pormenores. Já as mulheres, como se ocupavam das crianças, e precisavam de saber se os filhos estavam bem ou não, desenvolveram uma visão de pormenor, mais circunscrita a um determinado espaço, assim como têm maior facilidade em perceber o que o outro está a sentir através de uma simples expressão do rosto.
Essa necessidade de dar atenção a tantas tarefas em simultâneo, que remonta ao tempo das cavernas, deu-nos uma visão periférica mais ampla. As mulheres vêem melhor à noite e os homens de dia. Estas diferentes capacidades terão a ver com a pouca luminosidade na caverna e com a quantidade de luz de que os homens dispunham durante as suas saídas diurnas. Os nossos antepassados do sexo masculino tinham de enfrentar os perigos da natureza, como os animais e até os outros homens. Tornaram-se mais fortes fisicamente e mais guerreiros. As mulheres, recolhidas na segurança da caverna, tiveram de desenvolver a capacidade de se desenvencilharem sozinhas nas diferentes tarefas e desenvolveram uma linguagem mais emotiva como resultado da sua forte ligação aos filhos e tornaram-se mais faladoras, porque provavelmente tinham que entreter, no pequeno espaço da caverna, os filhos com histórias e também para não morrerem de tédio.
Quando uma mulher tagarela, às vezes só pelo prazer de tagarelar, pode ser uma forma de exorcizar os fantasmas que tanto afligiram as nossas antepassadas das cavernas.
Ondina Freixo