Morre-se por dizer “Não”

Certo é que as investigações a estes assassinatos raramente foram conclusivas e certo é também que as mortes por doença súbita, plurais envenenamentos, enforcamentos, quedas de janelas e de barcos, etc., dados como suicídios ou meros acidentes, se não fossem trágicos seriam apenas anedóticos quanto ao invocado pretexto.

Tópico(s) Artigo

  • 15:58 | Quinta-feira, 24 de Agosto de 2023
  • Ler em 3 minutos

Desde 1999, ano em que Vladimir Putin foi eleito, são às dezenas os seus opositores que são compelidos ao exílio, presos ou assassinados. Claro que serão apenas coincidências. Uma extensa lista de coincidências neste letal jogo à roleta russa…

 


Alguns exemplos:

Denis Voronenkov, deputado russo e crítico de Putin, 2017 – assassinado.

Boris Nemtsov,  Crítico de Putin e da invasão da Ucrânia, 2015 – assassinado.

Boris Berezovsky, exilado em Inglaterra, crítico de Putin, 2013 – enforcado.

Stanislav Markelov, jornalista crítico de Putin, 2009, assassinado.

Anastasia Baburova, repórter, foi morta a tentar ajudar Markelov,2009, assassinada.

Sergei Magnitsky, advogado, investigava uma enorme fraude fiscal, 2009, assassinado.

Alexander Litvinenko, ex-KGB, crítico de Putin, 2006, envenenado em Londres.

Anna Politovskaya, jornalista crítica de Putin, 2006, assassinada.

Alexei Navalny, o maior opositor de Putin, salvo de envenenamento e preso por alegada fraude e desacato, 2020, 2021.

Os braços-direitos de Navalny, Ivan Zhdanov, Lyubov Sobol fugiram da Rússia.

Ilya Yashin, crítico de Putin que apodou Putin de “o pior açougueiro desta guerra” (Ucrânia), foi preso em 2022.

Vladimir Kara-Murza, jornalista e ativista foi duas vezes vítima de um envenenamento que o deixou em coma. 2015, 2017.

Andrei Pivovarov, líder da Open Russia, preso, 2021.

Alexander Nevzorov, acusado de ser “agente estrangeiro” na Rússia, condenado a 8 anos de prisão

Dmitry Ivanov, 2023, um estudante e bloguer, foi condenado a oito anos e meio de prisão por divulgar “notícias falsas” sobre militares.

O embaixador Vitaly Churkin, que morreu em Nova Iorque, vítima de ataque cardíaco.

Andrei Malanin, de 55 anos, morto no seu apartamento em Atenas.

O embaixador Alexandre Kadakin, de 67 anos, morreu subitamente de ataque cardíaco, em Nova Deli.

Andrei Karlov, assassinado em 2016, em Ancara.

Petr Polchikov, de 56 anos, assassinado em Moscovo com um tiro na cabeça.

Mikhail Lesin, fundador da Russia Today, morto num hotel de Washington, em 2015.

Em 2006, Alexandre Litvinenko, supra referido, de 44 anos, morto em Londres por envenenamento.

2012, Alexandre Perepilichny, de 44 anos, banqueiro que tornara públicas as ligações entre o Estado e as máfias russas, envenenado.

Boris Abromovich Berezovsky, acima referido, enforcado em casa nos arredores de Londres.

O líder da oposição, Boris Nemtsov, supra referido, é assassinado em Moscovo, em 2015; em 2006, foi morta a tiro a jornalista Anna Politkovskaya à entrada de sua casa, na capital russa.

Ivan Pechorin, ligado ao setor da aviação. Navegava no mar do Japão, quando caiu do barco.

Ravil Maganov, presidente do petróleo russo Lukoil, caiu de uma janela, no sexto andar, de um hospital em Moscovo.

Yury Voronov, ligado à Rússia Gazprom, tiro na cabeça, caído dentro da piscina, em São Petersburgo.

Em Espanha duplo homicídio, seguido de suicídio do antigo gestor da Novatek, a maior empresa de gás da Rússia. Serguei Protosenia, de 55 anos, terá assassinado a esposa e a filha, de 53 e 16 anos, respectivamente.

Ontem, dia 23 de Agosto, o líder do grupo Wagner, Prigozhin e meia dúzia dos seus lugares-tenentes, entre eles o nº2 Dmitri Outkine, morreram na queda do jato do líder do grupo Wagner, perto da aldeia de Kujenkino, a 200 quilómetros de Moscovo. 

Todos estes casos têm na base um denominador comum — a oposição a Putin e à sua política — estas coincidências são-no só em esforçado benefício de dúvida, pois evidenciam recorrentemente um regime que não compactua com vozes dissonantes da linha de poder autocrático de Putin, que alegadamente recorre a todos os meios para lhes pôr termo.

Certo é que as investigações a estes assassinatos raramente foram conclusivas e certo é também que as mortes por doença súbita, plurais envenenamentos, enforcamentos, quedas de janelas e de barcos, etc., dados como suicídios ou meros acidentes, se não fossem trágicos seriam apenas anedóticos quanto ao invocado pretexto.

(Fotos DR)

 

Gosto do artigo
Palavras-chave
Publicado por
Publicado em Opinião