Em recentes declarações, o líder do PSD, Luís Montenegro, demarcou-se, enfim, claramente do Chega de André Ventura.
Numa clara alusão ao partido de extrema-direita, Montenegro afirmou recusar coligações ou ter apoios de “políticas ou políticos racistas ou populistas”.
Esta decisão tardava a surgir, ainda mais tendo em linha de conta a aliança feita nos Açores para funcionalizar a “geringonça” local.
Perante estas declarações, Ventura não se ficou e atacou Montenegro e as “palavras de tremenda irresponsabilidade” por ele proferidas, prontificando-se a lutar para ser a verdadeira oposição ao PS, ou seja, o segundo partido português.
Se esta clarificação do PSD é bem-vinda – o PSD é um partido fundamental no espectro político-partidário democrático nacional – só peca por tardia e vem a reboque da atitude do Presidente da República que entende não dissolver a Assembleia da República “Não faz sentido neste ambiente falar, periodicamente, de dissolução” acrescentando “neste momento não há uma alternativa óbvia em termos políticos”, referindo-se às sondagens que apesar de darem o PSD mais próximo do PS, estão longe de uma segura vitória para a qual o PSD teria que contar com partidos à sua direita, nomeadamente com o Chega.
Estes ziguezagues na recorrente “narrativa” do líder do Chega, enfatizam o seu maquiavelismo e a ideia de que para ele todos os meios são válidos para atingir um fim, mormente o da constante sementeira da confusão e da provocação, e, vendo-se já como a Meloni lusa, com oportunismo serve-se de todos os escadotes ao seu alcance para lá chegar e, de seguida, dar o fatal e irreversível beijo da viúva negra.
Todavia, sendo o PSD um partido democrático e sério, prestar-se a ser o ascensor do Chega, implicaria rever-se neste tipo de actuação populista e anti-democrática gerando a breve trecho e por arrastamento, o seu total descrédito, com consequências que o remeteriam para uma posição insustentável perante os portugueses e para o 3º ou 4º lugar no rang nacional.