O Relatório de Avaliação Ambiental Preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio está em consulta pública até dia 10 de dezembro no portal participa.pt.
As áreas potenciais para lançamento de procedimento concursal para atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de lítio são oito, em que duas delas incluem territórios de cinco concelhos do distrito de Viseu: Mangualde, Nelas, Penalva do Castelo, Sátão e Viseu.
Mas o que está em cima da mesa?
A procura de lítio é fundamentada por uma suposta transição para a designada “energia verde”, com este elemento a ser um componente das baterias dos carros elétricos: mas este é o lado “limpo” e aparentemente “verde” desta história.
Mas podemos também olhar para o próprio processo de extração. O tipo de exploração pretendida é vulgarmente conhecida como “mina a céu aberto” e apresenta graves impactos negativos nos ecossistemas e em toda a comunidade envolvente, contaminando o ar, os solos, a água e produzindo uma enorme poluição sonora.
O processo de extração é, de resto, hoje em dia, largamente mecanizado e, portanto, a criação de postos de trabalho é praticamente nula.
A tudo isto, acresce a natureza efémera própria das explorações mineiras, pois mais cedo ou mais tarde acabam os recursos, ou a procura. O que fica são as montanhas reduzidas a pó, os cursos de água poluídos e a destruição irreversível de ecossistemas.
Não há como contornar que a saúde das populações residentes e a biodiversidade são afetadas por este tipo de exploração, que além do mais invalida qualquer outra atividade que pressuponha a utilização de recursos naturais para consumo, como a agricultura ou a captação de água.
Este é o lado “negro” da história, que condena o interior do país a um desígnio de fonte de recursos, no caminho de uma menor qualidade de vida e de uma menor qualidade ambiental, alimentando a tendência de desertificação e fragilidade deste território. Em nome de quê? De interesses económicos de umas poucas multinacionais e, eventualmente, da subserviência de alguns poderes locais sedentos de “dinheiro fácil”.
Mas as populações estão atentas e são já vários os movimentos cívicos que têm contestado a prospeção e possibilidade de exploração mineira em locais como, por exemplo, Covas do Barroso, em Boticas, e Serra da Argemela, na Covilhã e no Fundão.
Não podemos falar levianamente de algo que vai reduzir montanhas a pó, redesenhar paisagens e abalar por completo a vida de quem mora nas proximidades das áreas de exploração. Estes são projetos que não podem passar sem uma intensa e eficaz divulgação junto das populações, de maneira a garantir que as mesmas deles têm conhecimento, bem como não podem passar sem a possibilidade de intervenção ativa de agentes como coletivos ambientalistas e movimentos populares!
(Fotos DR)