Vivem-se estranhos tempos dos quais sobressai a profunda decadência de valores sociais e a adulterações de conceitos vivenciais.
Um mentiroso compulsivo é um maná para a comunicação social mais centrada na escandaleira popularucha e populista. E os protagonistas do sórdido “show”, impávidos, serenos e convictos, procedem a sua agressiva saga da fraude e assentando-a em narrativas ficcionais, creem que ao proferi-las para um vasto público de milhões de embasbacados espectadores, transmutam em verdade as petas mil vezes repetidas.
Este fenómeno tem grandes seguidores mesmo à frente das maiores potências planetárias. Lembremo-nos do maior mentiroso do século, Donald Trump a quem, no exercício do seu mandato foram contabilizadas mais de 20 mil graves e boçais mentiras, nas quais milhões de norte-americanos acreditaram pia e devotamente.
Este actual fenómeno só pode existir numa sociedade irreversivelmente decadente, na qual, o “spectator” recusa ouvir as realidades, as verdades e se sente absolutamente cómodo no mundo da mentira e da distorção do real em que conflitua quotidianamente.
Os adultos de hoje, esta audiência acrítica que desistiu de pensar para se alimentar do “prêt-à-manger” são um alvo perfeito para os charlatães (ou charlatões, se preferir) de serviço que proliferam por aí como malmequeres num prado verde.