De acordo com o Johns Hopkins Coronavirus Resource Center, os casos confirmados de covid-19 atingiram hoje os 43.9 milhões a nível mundial, com o número de mortos a chegar aos 1.16 milhões. Por toda a Europa, o aumento galopante dos números tem provocado medidas mais contundentes por parte dos governos.
Em Itália, determinou-se o encerramento dos bares e restaurantes às 18h00, tendo sido fechados ginásios, cinemas e piscinas municipais. Em várias regiões do país foi imposto recolher obrigatório, o mesmo sucedendo em França, Suíça, Grécia, Espanha, Bélgica e República Checa. O País de Gales e a Irlanda encetaram um novo confinamento total. Na Bulgária, foram fechados bares noturnos e os estudantes vão ter apenas aulas online durante duas semanas. Na Alemanha, a cidade de Berchtesgaden, na Baviera, encontra-se num confinamento de duas semanas. Na Eslováquia, foi decretada a realização de testes à escala nacional, no sentido de evitar medidas mais duras.
Por todo o continente, aumentam exponencialmente o número de infectados, internamentos e mortes. Em França, registaram-se, na segunda-feira passada, 1307 novos internamentos de infectados com covid-19 apenas num dia, o número mais alto desde o dia 2 de Abril. O número diário de mortes também bateu o recorde registado a 22 de Abril, com 523 mortes contabilizadas ontem. No Reino Unido, a mesma situação, com 367 mortes, o valor mais alto desde 27 de Maio. Em Itália, 221 mortes no mesmo dia, na primeira vez que os números ultrapassam as duas centenas desde Maio. Na Alemanha, segundo o ministro da Economia, Peter Altmaier, o número de novos infectados subiu 75% em relação à semana passada.
Mike Ryan, director executivo do Programa de Emergência Médica da Organização Mundial de Saúde, alertou esta semana para a necessidade de se implementarem medidas rápidas para combater a escalada dos números na Europa. O responsável referiu ainda que vários países europeus estão na iminência de regressar ao confinamento nas próximas semanas.
Virando as atenções para o nosso país, o que se tem passado por cá?
Um valente tiro no pé com uma aplicação para telemóvel, o uso obrigatório de máscara (finalmente!) e um grande alvoroço em virtude de um fim-de-semana, o próximo, em que não serão permitidas deslocações entre concelhos no território nacional.
Toda a gente concorda e aplaude as medidas preventivas de controlo e vigilância do risco de infecção por covid-19. Excepto, lá está, se entrarem em rota de colisão com as suas vontades e interesses. É aquela velha luta interior dos portugueses, que não encontram meio-termo entre a subserviência/obediência cega e a subversão/insubordinação.
Neste caso concreto, os portugueses têm uma data na cabeça (2 de Novembro) e essa data é para a finalidade que lhe está associada há séculos: ir aos cemitérios prestar homenagem aos mortos. Se olharmos para o calendário com alguma atenção, verificamos que existem mais 364 dias e que em qualquer um deles os cemitérios também estão abertos. O que impede as pessoas de irem ao cemitério no dia 12 de Março, 29 de Maio ou 18 de Setembro? Ou vão apenas no dia 2 de Novembro porque toda a gente vai nesse dia também? Numa altura em que se pretende evitar ajuntamentos de pessoas em todo o lado, não seria sensato escolher um outro dia qualquer para ir ao cemitério que não este? Não poderemos, todos nós, pensar um pouco mais no bem geral e não apenas naquilo que nos convém no imediato? À luz dos vários constrangimentos sociais e familiares que vivemos a partir de Março, constituirá um sacrifício assim tão grande não ir ao cemitério no dia 2 de Novembro?
E entretanto…
O jornal “Público” de hoje anuncia que a região Norte de Portugal pode chegar aos 7 mil casos diários de covid-19 na próxima semana e que há vários concelhos num patamar semelhante aos três do Tâmega e Sousa (Paços de Ferreira, Lousada e Felgueiras) onde foram impostas medidas mais musculadas. A Câmara Municipal de Matosinhos decidiu antecipar o encerramento dos centros comerciais para as 21h00 e recomendou a implementação do ensino à distância. Pediu, igualmente, ao governo para adoptar medidas urgentes.
Não duvidem, essas medidas vão mesmo chegar, infelizmente. Ninguém pretende um segundo confinamento, que seria terrível para a nossa economia, liberdade e sanidade. Mas, se todos fizermos a nossa parte…