Luís Montenegro admitiu hoje no Parlamento que as administrações hospitalares têm que “servir os desígnios do governo”. Foi honesto, embora a meu ver, elas devessem servir exclusivamente os desígnios públicos da Saúde em Portugal. Mais se recusou a admitir, questionado pela deputada do BE, Mariana Mortágua, abrir concursos públicos para selecionar os melhores para os lugares, por tal não se compaginar com a visão do governo. Continuou a ser sério.
Em suma, entrelinhas adentro, as clientelas partidárias pressionam eventualmente os lugar-tenentes locais com “companheiros” carecidos de emprego, de retribuição pelos bons serviços ao partido, com serventuários úteis, não para gerir eficazmente o SNS, mas para colocar em todos os lugares, de chefia e intermédios “gente de mão”.
De facto, há que lhe tirar o chapéu, Ana Paula Martins, desde que tomou posse, tem agido como um verdadeiro “cilindro” no seu afã de “renovação”.
Quanto ao resto, os substitutos não se revelam nem melhores nem piores que os substituídos. Talvez por isso, ou também por isso, os problemas no SNS crescem exponencialmente nessa área tão querida do primeiro-ministro, tão alardeada eleitoralmente, não se vislumbrando, de montante a jusante, uma evolução positiva do sector. Antes pelo contrário.
Interessante e complementar ao tema foi a investigação levada a cabo pela CNN Portugal acerca das ligações dos mais altos responsáveis do SNS a “fraternas lojas”, naquilo que designa de “teia” de “promiscuidade” … “É como se fosse uma escada de poder para chegar a um cargo”…
Sobre esta curiosa abordagem, com a devida vénia a Catarina Guerreiro, editora-executiva da CNN Portugal, aqui se deixam dois links: