As petrolíferas e as gasolineiras têm aproveitado a liberalização do mercado dos combustíveis para dilatar descaradamente os seus lucros.
Nesta última semana, o Governo baixou o ISP. Em desrespeito por essa descida, as gasolineiras aumentaram a taxa de lucro. Esta descoordenação, acrescida pela ausência de capacidade fiscalizadora do mercado, tornou-se num saque insuportável para os automobilistas. Mas tornou-se em mais, tornou-se num aumento generalizado do custo de vida, com salários estagnados a nem sequer fazerem face à inflação verificada.
Conceitos de ética e de moral serão muito abstractos paro o mercado liberalizado. Esperar do sector alguma decência e solidariedade nacional será uma atitude vã. Ainda mais depois de uma pandemia e em meio de uma guerra de contornos europeus, que tem servido de pretexto a toda a agiotagem.
(Dados de 2021)
Quanto aos impostos arrecadados pelo Estado, agora ligeiramente decrescidos, decerto todos estamos de acordo com o seu exagero. Todavia, por uma questão básica de análise, devemos tentar entender que um imposto é uma contribuição ou tributo exigido para assegurar o funcionamento desse Estado, das instituições e de todos os sectores dele dependentes, entre os quais estão a Saúde, Educação, Justiça, etc. Ou seja, o imposto, na sua final função social, de benefício colectivo, não é uma regalia igual à margem de lucro individual e singular, fundamental, saudável e necessária, se dentro das sensatas regras do mercado.
Mas não esqueçamos também, em contrapartida, que o Estado português é accionista da Galp com capacidade de nomear o seu administrador. Ou seja, na “narrativa” divulgada, há dados que mal casam…
Os tempos conturbados a exigirem contenção têm visto emergir o oportunismo desenfreado. Enquanto o Governo não punir de forma exemplar estes e outros desmandos, eles não cessarão por iniciativa dos visados.
Ainda não ouvimos os arautos do liberalismo pronunciarem-se sobre o que se passa neste sector de mercado. Mas decerto arranjarão forma de justificar os seus actos com uma retórica embrulhada no “economês”, circunstancial e vaga, para defesa e louvor das suas cartilhas.
(Foto DR)