Face ao decreto do Presidente da República, passa a ser permitida a venda, nos estabelecimentos de comércio a retalho que se encontrem já em funcionamento, de livros e materiais escolares.
Esta medida que decerto visará, na sua eventual boa intencionalidade, permitir o fácil acesso a compras deste tipo de material escolar, a pais, encarregados de educação e alunos, é ambígua e discriminatória, porquanto deixa de fora livrarias e papelarias, privilegiando as grandes superfícies.
Até aceitamos que estas se mantenham encerradas para não abrir precedentes facilmente invocados por outros sectores de venda de produtos e bens.
Talvez tenha havido apenas uma cedência ao lóbi dos hipermercados.
Talvez as livrarias portuguesas não tenham força para se fazerem ouvir.
Talvez o livro – que não o escolar – não seja um objecto de primeira necessidade para a maioria dos portugueses.
Talvez esta medida, por mal explicada seja susceptível de controvérsia.
De facto, a clareza e univocidade comunicacional do Governo, por vezes e na prática, peca pelo oposto, opacidade e plurivocidade. O que não é bom em termos de eficácia de mensagem. Ou será, que tal é feito para ser assim mesmo?