A legalização das drogas tem sido um tema debatido e assazmente controverso na sociedade actual. A opinião pública tem-se dividido em duas facções, os apologistas da legalização e os que não a querem. Integro o primeiro grupo, com uma perspectiva social, política e económica.
Quando falamos em drogas, esta problemática associa-se logo de forma automática com a venda de canábis.
A ciência já provou que o canábis é uma substância psicoactiva nociva, mas nem todas as drogas o são. Neste sentido, o álcool, cuja venda é perfeitamente legal, causa inúmeras doenças, gera contrabando, sinistralidade rodoviária… factores dos quais resultam milhares de morte, anualmente.
Por uma questão de sequência de uma linha de raciocínio e de igualdade, não me parece que a justificação da não legalização das drogas esteja neste ponto, de saúde pública ou de perigo social, pois o álcool também o é, e não é por tal interditado.
Parte da opinião pública de cariz político, “vende” a não legalização das drogas de uma forma totalmente enganosa, justificando-se com a descida do consumo e a diminuição do tráfico. Curioso, que os dados indicam que o consumo de drogas está a aumentar, sendo a ilegalização das drogas muito favorável para quem trabalha no “meio” e lucra com o seu consumo.
A sua legalização acabaria com esse mercado negro. A verdade é que quem quer consumir algum tipo de droga já a consume, e encontra-a facilmente em qualquer sítio do país.
A legalização conduziria, a quem já consome droga, a não a comprar aos traficantes, mas sim, por exemplo, em farmácias onde teria informação e segurança sobre o produto adquirido, onde pagaria um imposto sobre o consumo, que poderia render milhões aos cofres do estado e acabar com o tráfico de droga e o mercado negro onde ele se transacciona.
No juízo final, o estado preocupa-se apenas com quem a vende e não com quem a consome. Será que o estado ganha mais com a ilegalização das drogas?
O estado deixaria de gastar dinheiro com as operações policiais e poderia usar o dinheiro da legalização para estratégias de prevenção, redutoras do seu consumo.
Se queremos o fim gradual das drogas – e estou certa que 95% dos portugueses o desejarão – há que legalizá-las. Haja coragem para tal…
(Fotos DR)