Nenhum português mais ou menos informado ignora que o lugar de deputado europeu é uma doiradinha sinecura pela qual aspiram todos os políticos na prateleira e os restantes ou sobrantes, os bafejados pelas boas graças do partido que os indigitou para as listas que o povo sufragou.
Salários principescos e mordomias em conformidade e, pelos vistos, tempo livre para fruir das sumptuárias mercês.
De um ex-deputado europeu, cujo nome se acautela, me lembro de ouvir o desabafo: “Aproveitei o tempo livre para tirar o doutoramento.” Outros o aproveitarão para outras coisas, ler, escrever, traduzir, conhecer… sendo estas as mais honrosas subocupações.
Há ainda aqueles que aproveitam as viagens pagas e a elasticidade dos horários para estar – como numa peça de teatro a que assisti em Poitiers – com “Le cul entre deux chaises”, aqui já não o caso do português emigrado que não era francês em França nem já português na sua terra natal, mas sim, político activíssimo em Portugal e deputado europeu, talvez em part-time ou… em tele trabalho, que com estas coisas da pandemia nunca se sabe.