No dia 10 de Abril do corrente, António Almeida Henriques, presidente da Câmara Municipal de Viseu (CMV), endereçou um email ao secretário da Comunidade Intermunicipal (CIM) Viseu Dão Lafões, ao presidente da CIM e aos presidentes das Câmaras que a integram.
Nada de transcendente nem fora do normal, meras relações institucionais.
Porém, à medida que íamos lendo o email ao qual nos foi dado acesso, íamos ficando perplexos com o assunto que ali era proposto:
“Nos últimos dias temos vindo a ser abordados pelo Dr João Paulo Rebelo, Digmº. SE Juventude e Desporto, na qualidade de coordenador COVID19 na Região Centro, quanto à possibilidade de fazermos uma parceria com custos repartidos entre Estado Central e as Autarquias para fazer testes nas nossas IPSS’s.
Disse que estaria disponível, aguardo valores e disponibilidades diárias.
Trata-se de potenciar o laboratório do Dr. João Cotta- ALS, a fazer análises em 6 horas para o Hospital de S. Teotónio e quem tem possibilidade de incrementar para 300 testes dia e num futuro próximo 1.000, algo que será importante para nós.
Sei que o valor dele é de 60€ por teste e que o Estado Central estará a pagar entre 35 e 40€, o que daria para nós um custo de 20€.
Penso ser necessário conhecer critérios e quais os objectivos a atingir por parte do estado Central para a nossa Região e CIM, metodologia de alargamento dos testes aos funcionários e utentes das IPSS’s.
Penso que este assunto deve ser tratado no âmbito da CIM, até para termos a garantia que todos os municípios aderem e os testes serão rateados em função do número de IPSS’s e utentes de lares, independentemente de alguma situação de emergência que surjam em cada um dos nossos Concelhos.
Estou disponível para cooperar mas sempre numa lógica de cooperação com a CIM.
Envio oficialmente ao Dr Nuno Martinho a minha preocupação, solicitando que a faça chegar ao Presidente da CIM e a todos os Colegas Presidentes, para que este assunto seja tratado em concertação entre todos na próxima reunião.
Não podemos permitir que este assunto tão importante seja tratado bilateralmente, temos que estar unidos e concertados Abraço amigo, uma Santa Páscoa e Boa Sorte para todos.”
Assim ipsis verbis transcrito, o que daqui ressalta?
Nesse sentido, Almeida Henriques exorta os seus pares para a obtenção de um resultado favorável.
João Cotta fazia os testes, todas as autarquias subscreviam o negócio, o Estado pagava, pela mão do proponente, João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e do Desporto, na sua qualidade de coordenador na Região Centro do Covid19. As autarquias pagariam a parte correspondente.
Naturalmente tudo está louvavelmente dentro das regras.
Segundo o email, João Paulo Rebelo terá insistido com Almeida Henriques “Nos últimos dias temos vindo a ser abordados…” Este quer “potenciar o laboratório do Dr. João Cotta – ALS” e mais acrescenta numa enigmática frase: “Não podemos permitir que este assunto tão importante seja tratado bilateralmente, temos que estar unidos e concertados.”
Que bilateralidade é esta?
Talvez seja esta a forma de tratar de negócios. Talvez tudo seja transparente. Porém, há aqui algo que deixa no ar, a pairar, um cheiro estranho. O que será?
E qual a opinião do criterioso leitor?