Isso, chateia-me, pá!

Eu não me envergonho da História de Portugal. Não me identifico com alguns dos seus períodos nem com alguns dos seus protagonistas. Tento, antes, situá-los no contexto histórico, que os influenciou, e percebê-los, sem me identificar com eles.

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  • 13:13 | Sexta-feira, 12 de Março de 2021
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Há pessoas que ainda não entenderam que a História é como a família. Não se escolhe. Boa ou má é a que temos. Não a devemos esconder nem tapar nem ignorar. É o que é. Podemos não gostar dela, cortar relações, até. Podemos fazer com ela o que a avestruz faz com a cabeça, enterrá-la na areia e fazer que não existe. Embora exista. Podemos sacudir com os dedos o pó dos anos que tem. Podemos fingir. Mas não a devemos renegar, muito menos destruir os seus símbolos. Nem apagá-los com uma borracha. Nós também somos feitos de memória.

Eu não me envergonho da História de Portugal. Não me identifico com alguns dos seus períodos nem com alguns dos seus protagonistas. Tento, antes, situá-los no contexto histórico, que os influenciou, e percebê-los, sem me identificar com eles.

E para que conste não me envergonho do período dos Descobrimentos, muito menos com os seus símbolos, que até podem ser de gosto duvidoso, mas isso é outra história. Se um dia isso acontecer, rasguem a bandeira e mudem o Hino. Têm ali pormenores que talvez fira as sensibilidades de certas virgens encalhadas. Mais me custa que estas defesas sejam proclamadas por dois ilustres deputados da Nação que, assim, se tornaram notados.

A ambos, se as suas excelsas virtudes democráticas me permitirem, deixo um humilde conselho de simples eleitor. Em vez desse jogo de matraquilhos que resolveram disputar, preocupem-se com prioridades.


Para começar, preocupem-se com o pão que falta na mesa de muitas casas. Mostrem a massa de que são feitos e deixem-se de bizantinices.

Isso chateia-me, pá!

 

(Foto DR)

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