A fonte da Tulha, construída em 1925, foi durante muito tempo o local privilegiado de recolha da água para toda a aldeia.
Privilegiado pela sua localização e pela qualidade da água, fresca e saborosa que brotava das suas duas bicas, abundantemente, no Inverno e com maior escassez no verão.
A tarefa de ir à fonte cabia às mulheres, mais precisamente às raparigas que no final de um dia de estio e canseiras se regalavam com as conversas e as brincadeiras que surgiam em volta deste santuário de vida.
Na fonte, falava-se de tudo, desfaziam-se e surgiam boatos… Na fonte, começavam namoros, namorava-se e terminavam-se namoros… Na fonte, os rapazes cortejavam as raparigas atirando-lhe água do tanque num ritual consentido… Na fonte, as raparigas tinham por algum tempo uma liberdade consentida… Na fonte, galhofava-se, contavam-se anedotas e sussurravam-se segredos… Na fonte vivia-se…
Abençoada escassez de água que permitia que à volta daquela fonte se vivesse de forma tão alegre e intensa!