Investir no Combate

    Chega o Verão a Portugal e com ele, de forma que nos habituámos a considerar inevitável e natural, chegam os incêndios florestais. Esta “naturalidade” apenas resulta no entanto da lamentável frequência dos referidos incêndios que nos é apresentada no período estival e que destrói florestas, vidas, ambiente, património, labor e esperanças, muitas esperanças, […]

  • 20:56 | Segunda-feira, 08 de Agosto de 2016
  • Ler em 2 minutos

 

 

Chega o Verão a Portugal e com ele, de forma que nos habituámos a considerar inevitável e natural, chegam os incêndios florestais. Esta “naturalidade” apenas resulta no entanto da lamentável frequência dos referidos incêndios que nos é apresentada no período estival e que destrói florestas, vidas, ambiente, património, labor e esperanças, muitas esperanças, e contribuiu inequivocamente para a desertificação cada mais angustiante dum interior cada vez mais cinzento (ou deverei dizer grisalho?), e que cria uma espécie de espiral recessiva: menos recursos > mais abandono > mais incêndios > menos recursos.


É preciso inverter esta tendência e muitos já foram os especialistas, muito mais qualificados, a apontar caminhos para a prevenção, ordenamento florestal, e protecção demográfica do interior. Nesse sentido é usual referir-se que é necessário investir mais na prevenção e menos no combate. E eu, perdoem-me, discordo.

Concordo que se deva investir mais no ordenamento florestal, na sensibilização das populações, na detenção atempada e eficiente, em formas de organização comunitária e de distribuição que possam trazer rendimento acrescido à floresta. Concordo que se contabilize o valor ambiental dos milhares de hectares ardidos como forma de valorizar a sua existência. Não posso é concordar que esse investimento seja feito à custa do combate.

O combate aos incêndios em Portugal devia estar adstrito apenas a uma entidade e essa entidade devia ser os Bombeiros Portugueses.

Bombeiros Portugueses, como normalmente se vê, quando a coisa realmente aperta, demonstram toda a sua disponibilidade para intervir, sem condicionantes, com todas as reservas, no combate da maior guerra que Portugal travou há mais de 40 anos. Uma guerra que infelizmente temos de travar todos os Verões.

A forma de apoio a esta verdadeira “Força Armada”, a mais importante existente no país, tem ser repensada e restruturada por forma a cruzar as suas potencialidades com as exigências da sociedade actual que a limitam devido à sua maior virtude – o voluntariado, a abnegação e o altruísmo de tantas mulheres e homens.

Hoje não chega pagar 1,85€/hora para termos uns estudantes, orientados por quem abdica das suas férias, para combater incêndios.

É preciso que todos os responsáveis – governo e autarquias – e igualmente a população, compreendam que é urgente e essencial complementar o voluntariado com grupos profissionais e alargar a todos os Corpos de Bombeiros a boa experiencia que têm sido as Equipas de Intervenção Permanentes – EIPs.

Só com um núcleo de profissionais em todos os Corpos de Bombeiros, que possuem a melhor rede no território português, poderemos almejar tempos de resposta adequados e primeiras intervenções competentes. É preciso gastar melhor nos Corpos de Bombeiros para que se possa até ter menos voluntários mas voluntários melhores, mais dedicados e disponíveis.

É hora de avançar e concentrar investimento naqueles que os portugueses consideram ser uma das instituições de maior confiança. É hora de você, cidadão, exigir isso mesmo do Estado.

Gosto do artigo
Publicado por
Publicado em Opinião