É mais do que habitual nos dias de hoje trocarmos de indignações mais rapidamente do que se troca de roupa interior. Nos últimos dias saltitámos entre organização da Liga dos Campeões no Porto, a saída da lista verde do Reino Unido, a tontaria de que o Estado Novo acabou com o analfabetismo, o envio de dados pessoais a embaixadas estrangeiras e, finalmente, o “arraial” liberal feito em Lisboa.
Extremados devemos andar hoje a vociferar contra o “arraial” da Iniciativa Liberal. Esta, depois de ter criticado o Avante, por tudo e mais alguma coisa, fez uma festarola mal feita e chamou-lhe evento político. Cobrou 20% a quem por lá vendou alguma coisa mas, certamente, não pagou taxas de ocupação de espaço público. Espaço público que foi impecavelmente limpo pelos funcionários da Junta de Freguesia pagos por impostos e taxas. Os mais críticos, depois do Sporting, da Liga dos Campeões, asseguram que agora a pandemia irá recrudescer por causa deste evento (e provavelmente irá mesmo).
Mas o que eu mais acho engraçado são os regimes de excepção consensuais. Amanhã a selecção de futebol 11 de Portugal entra em campo em Budapeste para jogar com a da Hungria. No estádio estarão 60 mil almas, bem ensardinhadas, 7 mil dos quais portugueses, que, depois do jogo, irão regressar à ditosa pátria amada e, neste caso, curiosamente, não há qualquer problema pandémico associado. Viva, viva.