Acerca das informações transmitidas pela CML à Embaixada Russa em Portugal contendo dados de identificação de três activistas que se manifestaram contra Putin, muita água está para passar sob as pontes.
Porém e para lá do tórrido assunto em si, não deixa de ser interessante apreciar as tomadas de posição de alguns líderes partidários.
Sem falar de Carlos Moedas, opositor de Fernando Medina nas autárquicas de Setembro, a exigir a demissão do seu opositor, o que tanto jeito lhe daria, aparece Francisco Rodrigues dos Santos, ao rubro na sua exaltação, pedido a cabeça do autarca lisboeta e, indo até mais longe, acusando-o da prática de um “acto terrorista”.
De momento há também informações em contrário sobre o envolvimento do dito senhor na tal divulgação. Será prudente aguardar mais desenvolvimentos e ver o que se segue. Parece haver algum ruído de fundo… e um estranho silêncio dos principais protagonistas.
Ainda assim e conjecturalmente, os tempos de hoje são propícios, no bruáá partidário-mediático, ao aparecimento de dois pesos e duas medidos na análise dos fenómenos políticos.
Porém, se a verdade pode ter ângulos diversos de focalização, não pode ser circunstancial, de ocasião e de conveniência ao ritmo de uma actualidade cavalgada pela força mediática dos conteúdos e pelo aproveitamento interesseiro e tantas vezes rasteiro dos factos em apreciação.
Basta dar uma passeata pelos meios de comunicação social e redes sociais para se ir lendo ao sabor da brisa:
“A PROCISSÃO AINDA VAI NO ADRO… Então o chefe do serviço que enviou o tal mail aos russos é um conhecido militante do CDS: este Carnaval cada vez está mais divertido, salvo seja.”
“Estes procedimentos, segundo o Diário de Notícias, estão a cargo da secretaria-geral da CML, dirigida por Alberto Laplaine Guimarães, militante do CDS e pai do atual vice-presidente centrista, Francisco Laplaine Guimarães. Agora temo pelo Chicão, rapaz tem calma, não faças nenhum disparate…”
MOMENTOS… No Fórum TSF ( momento 30m 26s, no decorrer do programa dia 9/6/2021) https://www.tsf.pt/programa/forum-tsf.html
“LEGISLATIVAS 2019 Homem que fez exaltar Costa foi autarca do CDS-PP. Partido rejeita “insinuações” O homem que abordou António Costa em Lisboa, dizendo-se eleitor “relutante” do PS, é um ex-autarca pelo CDS-PP chamado Joaquim Elias. CDS-PP recusa “veementemente” as “calúnias” 04 out 2019. O homem que abordou António Costa em Lisboa, dizendo-se eleitor “relutante” do PS, é um ex-autarca pelo CDS-PP chamado Joaquim Elias. E um filho, com o mesmo nome, é assessor da assembleia municipal pelo CDS-PP. O CDS-PP já confirmou que se trata de alguém com ligações ao partido mas garante que deixou “há muito tempo” de ser militante do partido liderado por Assunção Cristas. O diretor de campanha do CDS-PP, João Gonçalves Pereira, contactado pelo Observador, garante, no entanto, que o partido não tem absolutamente nada a ver com o incidente desta sexta-feira. “É uma mentira e uma calúnia de uma quarta ou quinta linha do PS destinada a enlamear a campanha e a desviar as atenções de mais um episódio de exaltação do primeiro-ministro, António Costa”, acrescenta. O partido centrista divulgou, entretanto, um comunicado “rejeitando e repudiando veementemente qualquer insinuação” de que o partido teria orquestrado o incidente. “Se algum partido ou líder quer desculpar uma atitude menos reflectida, não procure no CDS uma justificação para o que é injustificável”, atira o CDS-PP. 1. Soubemos pela comunicação social que o homem que questionou esta tarde António Costa estava ligado ao CDS. De imediato averiguamos. Perante a gravidade e dimensão do ataque proferido ao CDS por vários dirigentes do PS nas redes sociais, esta nota é exigível, mesmo estando já encerrada a nossa campanha. 2. O CDS rejeita e repudia veementemente qualquer tipo de insinuação de que teríamos montado o incidente, como infelizmente temos visto da parte de dirigentes do PS. 3. Confirmamos que há anos o senhor foi autarca do CDS numa Junta de Freguesia. Esclarecemos que a sua atuação não teve qualquer ligação, instrução ou articulação com o partido, que a ela é completamente alheio. Não criámos qualquer situação, não tivemos qualquer conhecimento nem fomos coniventes. 4. Rejeitamos e repudiamos qualquer acto de agressão, física ou verbal, em qualquer circunstância e mais ainda em período de campanha eleitoral, como de resto foi referido pela Presidente do CDS durante a campanha, ela própria alvo de vários ataques verbais e um também físico. 5. Se algum partido ou líder quer desculpar uma atitude menos reflectida, não procure no CDS uma justificação para o que é injustificável. Depois de uma atitude desproporcionada, António Costa decidiu acusar sem provas e de forma absolutamente reprovável um partido político fundador da democracia. Não vale tudo em campanha eleitoral. Nós honramos a herança que recebemos dos fundadores do nosso partido. A informação tinha sido confirmada por várias fontes, incluindo Miguel Coelho, autarca do PS, que escreveu no Facebook que se tratava de Joaquim Elias, outrora eleito autarca pelo CDS-PP na antiga freguesia de São José. O site do CDS-PP lista o comerciante Joaquim Gustavo Pinto dos Santos Elias como candidato efetivo nas eleições autárquicas de 2001, para a (então denominada) junta de freguesia de São José, mas como independente. Aliás, na mesma lista surge o nome do estudante Joaquim dos Santos Elias, que será o filho (sem a referência a ser independente). Contactado pelo Observador, Miguel Coelho garantiu que, além de ter reconhecido o homem, confirmou junto de outras pessoas mais antigas no poder autárquico que se trata mesmo do homem que dizia que em sua casa havia cinco pessoas a votar, normalmente, no PS. A mesma informação, de que é Joaquim Elias, foi confirmada ao Observador por uma outra fonte com experiência autárquica que preferiu não ser identificada. O PS informou, entretanto, que vai avançar uma queixa-crime por difamação contra o autor das afirmações dirigidas ao primeiro-ministro – identificado pelo autarca socialista Miguel Coelho como sendo Joaquim Elias – bem como “contra terceiros”. O candidato socialista foi esta sexta-feira abordado, no final da descida do Chiado, por um homem que o acusou de estar de férias na altura dos incêndios de 2017. Nesse momento, a conversa azedou e António Costa, visivelmente irritado, repetiu várias vezes que isso era uma mentira, acusando o homem de ser um “mentiroso, é um mentiroso, provocador”. Quando o homem continuou a atirar a mesma acusação, o líder socialista acabou por voltar atrás e, de dedo em riste, acusou-o de estar a mentir. A comitiva acabou por ter de intervir para pôr fim à situação. Dois seguranças do Corpo de Segurança do primeiro-ministro, que o têm acompanhado nesta campanha, também chegaram a intervir para acalmar e fazer um cordão entre o candidato e o homem: “Calma, calma”.
Como se constata, temos aqui uma estranha “salsada”.
E é isto em suma nos tempos em que ninguém parece importar-se com o rigor dos factos e com o apuramento da sua verdade, antes parecendo que o azul é amarelo de manhã e à noite vira branco e vice-versa. O que, convenhamos, até no prisma cromático é difícil de engolir…
Esperemos que a auditoria anunciada por Fernando Medina venha clarificar a questão quanto antes.