Vivemos um tempo em que chega a ser normal um tipo exibir sinais de fortuna, sem nada de seu. Anormais, somos todos nós, os normais gente menor.
Mas, claro, um exibicionista não tem nada de mais, a não ser uma garagem. Suscita até uma estranha compreensão. Coloca-se a ideia de que soube aproveitar a oportunidade de ter um amigo e crédito à mão de semear: empreendedorismo de sucesso.
Quando o único objetivo é o dinheiro, o único valor, tenhamos consciência, é a ganância. Ora, invocar empreendedorismo, neste caso, é uma falácia. Mas que importa?!… Resta aos “cidadões”, continuar a conviver com a ideia de chamar nomes a si próprios e bater no peito com força: minha culpa, minha máxima culpa.
Alcançar a fama não corrige o percurso. Os famosos reclamam grande atenção. Vivem do relato das suas aventuras. Convivem mal com o anonimato. Adoram viver entre o mexerico e a fama.
Lá escreveu Ivan Turgueniev: “Uma imagem mostra-me num vislumbre o que levaria dúzias de páginas para mostrar.” Já um artista das palavras, John Updike, quando olhou para um conjunto de pássaros pousados nos fios elétricos, achou estar perante a “pontuação duma frase invisível”…