Em resposta ao título desta crónica diremos que só se for salvador do anquilosado e confuso PSD local, que o teve que ir recuperar da prateleira dourada onde persiste, de há oito anos a esta data, em dar continuidade à sua longuíssima carreira política de mais de 32 anos. Meia vida como missionário…
Fernando Ruas já nos seus dois últimos mandatos (de um total de seis) mostrou a quem tinha olhos críticos para ver, pouco ou nada ter para dar a Viseu e aos seus munícipes. Ainda assim, pouco ou nada escrutinado enquanto presidente pela opinião pública e muito menos pela subserviente CS à época vigente, foi-se mitificando enquistado no lugar, do qual, a contra gosto, foi empurrado pela Lei n.º 46/2005 que estabelece limites à renovação sucessiva de mandatos dos presidentes dos órgãos executivos das autarquias locais. Uma lei que até, pela sua falta de alcance e previsão, lhe veio agora a ser favorável, após os oito anos de ausência. Ou seja, ter-lhe-á concedido a reciclagem necessária para mais doze eventuais anos de mandato, findos os quais, pode copiar o Alexandre Vaz, do Sátão, fazendo um mandato em 2º para depois voltar novamente em 1º para mais uma dúzia de anos. As leis têm que ser assim tão mal feitas ou serão mal feitas de propósito para servir os interesses das “lapas do poder”?
Ademais, Ruas, durante tanto tempo “vaca sagrada” do poder local, terá tido que trincar a língua e trazer consigo, em número 2, o vereador Gouveia, terceiro homem forte do finado presidente. O tal que tudo fez para ser ele o number one. Em vão…
Ainda assim, Gouveia soube ir inicialmente buscar os candidatos às juntas de freguesia que o subscreveram em carta interna para cabeça de lista (que a RD oportunamente publicou), a este vereador detentor dos pelouros que mais controvérsia geraram pela visível ineficiência nestes dois mandatos, tais como, entre outros, os do lixo e da mobilidade urbana.
Mas a pergunta do milhão é: Que tem Ruas para dar a Viseu e aos viseenses que lhe justifique por eles ser eleito? A meu ver, além das rotundas, do funicular e do túnel de Viriato, já feitos, não vislumbramos nada de substantivo, nem sequer no relacionamento institucional com o poder central que o desconhece quase em absoluto. Seria também bom percebermos o que Viseu perdeu, a nível de estruturas decisórias da administração local e infraestruturas físicas, nos seus vinte e quatro anos de gestão autárquica.
Infelizmente, se Ruas tem trunfos guardados na manga, talvez por arrogância, vá-se lá saber, não cuidou em ir explicá-los aos eleitores no debate a que inexplicavelmente se furtou e que será transmitido, amanhã, dia 31, na RTP3 pelas 21h30.