“Alcança quem não cansa” (in ex-libris de Aquilino Ribeiro)
A primeira conquista do 25 de Abril foi a PAZ. Graças à vitória dos guerrilheiros africanos e do povo que exigiu “Nem mais um soldado para as colónias!
Hoje, temos de novo a direita belicista subjugada ao Imperialismo dos EUA e da Europa cúmplice do genocídio em Gaza, a falar no Serviço Militar Obrigatório e em alavancar a economia com o investimento na Defesa que a NATO (organização belicista a quem devemos a ditadura mais longa da Europa!) exige nos 2% do PIB, num país em que a Cultura nem chega aos 1%.
A outra grande conquista da revolução foi a LIBERDADE. Portugal era um país agrilhoado pela PIDE e seus “bufos”. As greves eram proibidas e o movimento operário (urbano e rural) e estudantil reprimidos com violência. Dos 36 mil presos políticos (2 mil mulheres), sujeitos a brutais torturas físicas e psicológicas, 175 morreram às mãos da PIDE. No “Campo da Morte Lenta” do Tarrafal a maioria dos 360 presos políticos contraiu doenças crónicas e 32 morreram. As mulheres não tinham liberdade nem para sair do país sem autorização do marido. A censura cortava o que pusesse em causa o regime ou denunciasse a corrupção e os abusos do poder, nos jornais, na literatura, nas canções e nos filmes.
Hoje, temos liberdades de expressão, de manifestação, de voto, de associação (excepto para organizações racistas e fascistas) e até o Direito de Resistência. No entanto, o Tribunal Constitucional legalizou o partido da extrema-direita racista e xenófobo, e temos um dos vice-presidentes do Parlamento que foi membro de uma organização terrorista responsável pelo assassinato à bomba do Padre Max e de Maria de Lurdes, entre outros.
A Constituição assegura aos cidadãos a mesma dignidade social e igualdade, sem discriminação em razão de ascendência, sexo, raça, língua, religião, condição social ou orientação sexual. No entanto, em 2023 houve mais 40% de crimes de ódio. A subida eleitoral da extrema-direita deu alento aos mal contidos racismo, xenofobia e LGBTI+fobia.
Por cumprir está a Utopia de Abril, traída em Novembro. Volvidos 50 anos de avanços e retrocessos, a Democracia exige o Socialismo sequestrado na gaveta da Constituição, imprescindível para um ambiente sustentável e uma vida digna com mais direitos laborais, sem desigualdades sociais e mais acesso de todos à Saúde, Educação, Habitação, Ciência, Cultura e Artes, com amizade e paz entre os povos.