Sempre a surfar a onda mediática, o líder do Chega escreveu uma carta ao Papa Francisco, a qual, provavelmente, foi primeiro para a CS, onde se arroga crítico do pontífice, pedindo a Deus que o perdoe por não ter estado presente no encontro que ocorreu no CCB com outros líderes partidários.
Nada neste indivíduo será genuíno, a não ser a fervilhante imaginação ao serviço dos seus intentos eleitoralistas. O seu ego é do tamanho do Everest, a sua desvergonha maior que o Kilimanjaro, a sua arrogância toca no pico do Elbrus…
“Confesso que…” assim se exprime à laia de contrito pecador. Mas ao invés da privada declaração, com humildade revelada, ela é feita aos microfones ecoantes dos medias.
É a arte do espectáculo no seu melhor, onde tudo é pensado sob a alçada do “dar nas vistas”, do exibicionismo, a tentar marcar a actualidade de cada dia que passa.
Acusa a Igreja e Francisco de agirem para “ficar bem na fotografia”. Ocorre-me aquela imagem de Ventura e Salvini, o líder neofascista italiano, beatificamente ajoelhados aos pés de Maria, no Altar das Aparições, em Fátima, acendendo-lhe uma penitente velinha, em contrito recolhimento…
Apoda-se de humanista e arremete contra os partidos xenófobos e racista, auto excluindo-se candidamente dessa “tribo”.
Enfim, mais uma vez, Ventura, no seu charivari cacofónico, faz mais um circense número, ciente de que é através dessas rábulas tonitruantes que atrai acríticos e incautos, “órfãos” e saudosistas, azedados e irados.
Alguns extractos da pública confissão do pecador…
“Confesso que podia ter estado no CCB com Sua Santidade e não desejei esse encontro. Peço a Deus que me perdoe por isso e tenho tido todas as dificuldades com a minha própria consciência. Mas tomei a decisão em consciência e assumo-a”.
“Proclamamos por justiça, mas depois assistimos ao branqueamento expresso de líderes inegavelmente corruptos, como aconteceu com as palavras de Sua Santidade a propósito de Lula da Silva e Dilma Rousseff, ‘ex’ e atual presidente brasileiro. Na minha humilde opinião, isto não dignifica a Igreja”.
“O tema das migrações é paradigmático: a Igreja, qual partido político de esquerda, quer ficar bem na fotografia e opta por entrar diretamente no debate, ignorando (ou não) que é precisamente devido à imigração ilegal ou descontrolada que florescem partidos ou movimentos, esses sim, manifestamente xenófobos e racistas, ao arrepio da nossa melhor tradição humanista”.
“Poderemos advogar a chegada sem controlo de pessoas à União Europeia com tantos problemas internos para resolver?”
“Poderemos ignorar o caldo de conflito que estamos a criar na União Europeia para ficar bem na fotografia? É esse o papel da Igreja Católica no século XXI? E do Papa?”.
“Temos de ter cuidado em não ignorar, nem passar ao lado, da luta de civilizações e de filosofias em que estamos envolvidos.”
Esperamos que o Papa Francisco o absolva e, já agora, atentíssimos às suas sugestões, as siga à risca para bem da Igreja Católica mundial.