Há uma crescente agitação nas hostes políticas viseenses.
Só tal justificaria as retóricas “elevadas” nas redes sociais, os epigramas mais cáusticos que mordazes e a recorrência a letras e tretas, mitos e lendas, para sustentar discursos onde a perfídia e a vilania se entrecruzam e, de mãos dadas, saem ao Rossio a dançar a tarantela, que e na sua origem, muito viva, se caracterizava por várias e rápidas trocas, também se associando ao tarantismo, que era nas primícias uma manifestação de delírio convulsivo.
Por sua vez, o invocado Jano, deus romano das mudanças e das transições (a Wikipédia ensino muito…), tem um poder centrado nos inícios e nos começos dos ciclos, poder esse que, com o tempo, se esboroa.
Jano aparece representado com uma face dupla e associa-se a portas, de entrada e de saída e ao passado em união com o futuro. Jano é o deus das escolhas e, em certas representações, surge até com 4 caras.
Jano é também satélite de Saturno. Quem presentificará neste contexto, Saturno, entalado entre Júpiter e Urano? Mas a pergunta de um milhão é esta: quem será, afinal, o poderoso Jano local, em cuja órbita muitos desejariam gravitar?
Juno – acresço eu para me dar ares – mulher de Júpiter, é rainha dos deuses e por tal muito invejada. O seu nome dá origem a Junho, mês em que se espera já haver grandes decisões a nível da política autárquica local. Ou será só em Setembro?
Juno aparece em forma de pavão (como os que se pavoneiam no Fontelo, estridentes na sua pupilação e fascinantes na sua colorida ostentação). Metaforizando a vaidade, carreiam penificando, às espaldas, as agruras da invídia.
No entretexto se figuram as dúvidas e com elas se manifestam as angústias.
Também, os auspíces da desgraça, ávidos de vindita, se põem a ler o voo das aves e, nas suas volutas e circunvoluções, inconsolados do augúrio, sibilantes como em Cumas, numa shakespeareana tragédia, são Hamlet e entoam…
To be, or not to be, that is the question:
Whether ‘tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune,
Or to take arms against a sea of troubles
And by opposing end them.
Ou como Kafka reflitam, nas vascas da incredulidade, de atalaia às ameias do “Castelo”, quase às portas da “Metamorfose”:
“Talvez haja apenas um pecado capital: a impaciência. Devido à impaciência, fomos expulsos do Paraíso; devido à impaciência, não podemos voltar.”
E de facto e no fundo, a expulsão do Paraíso, por gula de uma maçã… só para quebrar o tédio ou agitar as abulias justificaria tantas e tão judicativas preleções.