Não basta um palminho de cara, um sorriso simpático e um trapinho da moda em cima de um corpo jeitoso. Essas virtudes melhoram a imagem, mas não contam para a mensagem. Simpatia não chega, é preciso mais, muito mais. Se assim fosse, Vera Lagoa seria uma perspicaz e bem-sucedida angariadora de perfis condizentes com as altas funções confiadas.
Para as missões difíceis, manda o bom senso que não se convoquem os que são apenas amigos. Esse critério é bom para umas sandochas e uns caracóis. Para o resto, não chega.
Para o que interessa, tem de se chamar os mais capazes. Se também forem amigos, tanto melhor. As missões complicadas não são laboratórios de experiências nem oficinas de competências. São, ou deviam ser, uma conjugação de talentos. Infelizmente, há demasiados personagens com falta de talento e faro político para enfrentar crises profundas. Protagonistas que, por mais que se esforcem, não conseguem. Não foram fadados para missões complicadas. Dão mais nas vistas, deambulando nas sombras do que enfrentando as luzes da primeira linha. Parece viverem numa bolha, surdos aos ecos que lhes chegam do mundo real.
Cada um é para o que nasce. À falta de melhor, há que saber conviver com o que há. Mas é uma certeza que, no fim da catástrofe, os que cá ficarem terão de pedir responsabilidades por tanta insegurança, tantos zigue-zagues, tanta contradição. Tanto amadorismo.