A reunião em São Bento correu mal, a começar logo pelos figurões presentes. O PM, os presidentes da FPF, da Liga e dos três “grandes”.
Os outros quinze clubes a serem tratados assim como um broche na lapela, um acessório que dá graça, mas não acrescenta e se dispensa. Então, dos excluídos da 2ª Liga, nem um vislumbre.
E como o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita, veio logo o chorrilho de críticas e ameaças à paz desportiva, por parte de quem, justamente, se sentiu prejudicado.
Cá para mim, ainda bem que começa a estalar o clima de união nacional, um verniz, um gel que pode dar jeito, mas é sempre redutor, mesmo em democracia. Porque é táctico e falso.
Já não suporto o confinamento, quase tanto como me enjoa a concordância cega e me agoniam os “yes man”.
Embora sem ser um dado absoluto, parece que tudo se prepara para a retoma do campeonato de futebol, lá para o fim do mês.
Eu também gosto da modalidade e ando exultante, o meu Sporting não perde há dois meses, quem dera que continuasse assim.
Os clubes estão falidos, não sobrevivem apenas com as quotizações dos associados. Falta-lhes a receita de bilheteira e, mais importante, os patrocínios e as verbas das transmissões televisivas, a fatia maior do bolo da sustentabilidade para inglês ver.
Altice, NOS e Sport TV pagaram os direitos de transmissão televisiva até Março, daí para a frente já avisaram que só pagam se houver jogos ainda esta temporada.
Imaginam-se os efeitos desastrosos que a medida terá nas tesourarias dos clubes, sem possibilidades de pagar os ordenados e os seus activos a ameaçarem com a rescisão dos contratos com justa causa.
A pressa está aqui.
Mas… e se algum jogador, no decurso da competição, vier a testar positivo, toda a equipa vai ficar de quarentena? E o campeonato passará a disputar-se a dezassete? Ou logo se vê? Ou não vale a pena pensar nisso?
Mas… e as transmissões televisivas? Se forem em sinal aberto, cada um verá nas suas casas, mas se forem em sinal codificado lá irão os adeptos aos magotes para os cafés e centros comerciais assistir de bancada. Alguém acredita que fiquem separados e não se apertem todos na hora do golo? Eventualmente, um dano colateral da decisão.
Mas… e na hora do festejo do título, alguém vai disciplinar as hordas que se formarão, exultantes e vitoriosas, na Avenida dos Aliados ou no Marquês?
Entretanto, a verba, um milhão de euros, que a FPF, com fundos próprios e contributos dos clubes da Liga NOS, decidiu distribuir pelos clubes da Liga Pro, em jeito de compensação pelo não regresso da competição e pela perda de receitas televisivas, fez engolir a raiva e adormeceu a contestação.
Afinal, não há nada que o dinheiro não (a)pague.