Duas caras… não como Jano, que era o Deus das decisões, mas como alguém que mente, sabe que mente, mas nunca o vai admitir.
Coimbra tem um parque hospitalar dimensionado para mais de 1 milhão de pessoas, quando serve pouco mais de 300 mil utentes. É verdade que parte desse parque hospitalar tem funções universitárias, o que lhe dá uma responsabilidade maior, mas é o que é: ao lado temos hospitais como Aveiro, Leiria, Viseu, etc.
Ao longo de muitos anos, Coimbra foi perdendo competitividade. Perdeu gente. Perdeu poderio económico. Tem cada vez menos argumentos para fixar pessoas, profissionais de todas as áreas, incluindo da saúde, e não consegue justificar por que razão tem de ter este parque hospitalar, em detrimento de Aveiro, Viseu, Leiria… que paulatinamente conquistaram espaço a Coimbra. São locais com indústria, população muito mais jovem, maior dinamismo social e económico… Coimbra está há muito tempo moribunda.
O que está a acontecer é que a realidade está a mostrar que um dos grandes argumentos da cidade vai ser redimensionado e que isso é inevitável. Não há justificação para um parque hospitalar sobredimensionado. Não há justificação económica, nem operacional.
Isso significa diminuir o tamanho, o que quer dizer: menos profissionais, menos serviços, menos camas, menos médicos, menos enfermeiros, menos técnicos, menos espaço.
Dizer isso à população, depois de andarem anos a vender ilusões de que estavam a fazer e a construir um futuro melhor, é muito duro. Por isso andam de caso-em-caso, de falhanço em falhanço, de cabala em cabala.
E preparavam-se para a cena bufa de “retirar a confiança política” ao PCA dos CHUC em Assembleia-Municipal. A proposta era da maioria.
Alguém se antecipou.
A narrativa vai ter de mudar. De novo.
Mas a realidade não se comove com as narrativas dos políticos.
Em breve a notícia será evidente: Coimbra vai ter de redimensionar o seu parque hospitalar, mais adaptado a um concelho moribundo.