“Peritos avisam. Tragédia pode repetir-se em breve. Região de Pedrógão Grande está de novo em combustão e alertam para a probabilidade se repetir já este ano. E acontecer também noutras zonas do país.”
Com um título destes, no “DN” de ontem, 21 de Junho, e após a tragédia que aconteceu, alguém, isento e escrupuloso, acha que somos um país a sério? Um país que não faz, cala e consente, será um país normal? Alguém poderá dormir descansado? As mortes foram em vão? Como é possível, 4 anos volvidos, estarmos, impunemente, na mesma? Ninguém responde por ninguém, nem por nada? Isto é o país das bananas ou dos macacos? As promessas solenes, à época, serviram a quem? O choradinho do costume comoveu quem? Sucederam-se, à razão de um por ano, Conselhos de Ministros extraordinários para apresentação de planos de reordenamento florestal e prevenção e não se vê nada de melhor? Pelos vistos, só intenções pífias para encher grelhas de telejornais! Do Estado central e local, das concessionárias de vias rodoviárias, das energias e dos privados, muito, muito poucos cumpriram com a limpeza das bermas. O Estado, na sua face mais visível, que é o governo, é o pior de todos, o primeiro incumpridor e, nesta matéria, não é exemplo para coisa nenhuma. Os prazos e as coimas foram fogo fátuo.
Como de costume, uma paupérrima tristeza. A reforma da Protecção Civil, resultado de um conceito histriónico do PM, consome milhões para manter o funcionamento de uma estrutura monstruosa.
Não seria mais racional, equilibrado, inteligente, sensato, num país que se preze, investir-se a sério numa rede que já existe e cobre todo o território nacional, reformando-a profundamente, em vez de se criarem novas forças a quem se dá tudo?
Digamos que, no mínimo, é um enxovalho, uma humilhação para os bombeiros. Que não merecem!
A ser verdade o título do jornal, este é um país de dementes e de capados. Os dementes são os governantes que não têm visão nem missão. Os capados são os bombeiros e o povo que os continuam a aturar.
Será que Costa mantém este tiro no próprio pé? E se os bombeiros, na hora certa, lhe responderem com o gesto que Rafael, que também era Bordalo e Pinheiro, imortalizou?
Por estas e outras, convenci-me que a política é a arte do disfarce descarado e da dissimulação torpe. E passei a dar-me melhor com coisas sérias. E mais bem frequentadas.
(Foto DR)