Que me perdoe o poeta, mas não posso concordar com ele quando diz que Coimbra tem mais encanto na hora da despedida. Coimbra tem encanto na hora da despedida, na hora da chegada e na hora do reencontro.
Todos temos amigos assim… poucos… mas com uma importância tão grande que a nossa vida fica mais agradável e leve quando os temos por perto.
Coimbra tem o encanto das grandes paixões que basta uma pequena mecha para que tudo recomece como se nada tivesse sido interrompido.
Coimbra encanta-me com a sua velha universidade, a porta férrea com os archeiros vestidos a rigor, com o silêncio da biblioteca geral e a opulência da biblioteca Joanina.
Coimbra encanta-me com a falta de folego com que se chega ao cimo das Escadas Monumentais e com a subida do Quebracostas.
Coimbra encanta-me com a sua Praça da Republica ladeada por cafés, locais de encontro de estudantes, poetas, boémios onde as tertúlias literárias, cinematográficas, musicais e politicas se prolongam noite dentro.
Coimbra encanta-me com o seu Mondego, local privilegiado de desportos náuticos, as suas velhas e novas pontes e as suas margens cravejadas de pescadores.
Coimbra encanta-me do Choupal até à Lapa, passando pelo Parque da Cidade, pelo Parque Verde, pela Mata do Vale de Canas, pelo Jardim da Sereia, pelo Penedo da Saudade, pela Avenida Sá da Bandeira, onde a qualquer hora podemos encontrar pessoas de todas as idades a caminhar, correr, andar de bicicleta, passear ou simplesmente namorar.
Coimbra encanta-me desde a alta até à baixa. Os encanto da Rua da Matemática ou da Ferreira Borges de tão diferentes que são que quando conjugados completam-se e ampliam-se.
Coimbra encanta-me pelo Pedro e pela Inês, cujo amor perdura para lá dos tempos e simbolicamente edificado na belíssima ponte Pedro e Inês.
Coimbra encanta-me pela poesia e pela canção, pelo Zeca Afonso, pelo Adriano Correia de Oliveira, pelo Miguel Torga e por todos os poetas e cantadores que sempre deram a esta cidade um misto de magia e sonho. Oh Coimbra do Mondego e dos amores que eu lá tive quem não te viu anda cego quem te não ama não vive. Do Choupal até à Lapa foi Coimbra meus amores a sombra da minha capa deu no chão abriu em flores José Afonso.
Coimbra encanta-me com a sua Torre de Anto, celebre por aí ter vivido o solitário António Nobre.
Coimbra encanta-me porque tem vida, tem juventude, tem alegria, tem sonhos…
Coimbra encanta-me porque foi aí que começou tudo o que tenho de mais precioso na minha vida, a minha família.
Bem haja Coimbra por teres sido tão atenciosa e generosa comigo.
(Foto DR)