Coimbra e os seus encantos

Coimbra encanta-me pela poesia e pela canção, pelo Zeca Afonso, pelo Adriano Correia de Oliveira, pelo Miguel Torga e por todos os poetas e cantadores que sempre deram a esta cidade um misto de magia e sonho.

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  • 11:37 | Domingo, 11 de Agosto de 2024
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Que me perdoe o poeta, mas não posso concordar com ele quando diz que Coimbra tem mais encanto na hora da despedida.

Coimbra tem encanto na hora da despedida, na hora da chegada e na hora do reencontro. Coimbra tem a magia dos grandes amigos que podem estar anos sem se verem, sem trocarem uma palavra, mas na hora do reencontro a conversa, a cumplicidade, a partilha, fluem com tal naturalidade como se apenas tivessem passados poucos dias ou horas desde o último encontro.


Todos temos amigos assim… poucos… mas com uma importância tão grande que a nossa vida fica mais agradável e leve quando os temos por perto. Coimbra tem o encanto das grandes paixões que basta uma pequena mecha para que tudo recomece como se nada tivesse sido interrompido.

Coimbra encanta-me com a sua velha universidade, a porta férrea com os archeiros vestidos a rigor, com o silêncio da biblioteca geral e a opulência da biblioteca Joanina.

Coimbra encanta-me com a falta de folego com que se chega ao cimo das Escadas Monumentais e com a subida do Quebracostas.

Coimbra encanta-me com a sua Praça da Republica ladeada por cafés, locais de encontro de estudantes, poetas, boémios onde as tertúlias literárias, cinematográficas, musicais e politicas se prolongam noite dentro.

Coimbra encanta-me com o seu Mondego, local privilegiado de desportos náuticos, as suas velhas e novas pontes e as suas margens cravejadas de pescadores.

Coimbra encanta-me do Choupal até à Lapa, passando pelo Parque da Cidade, pelo Parque Verde, pela Mata do Vale de Canas, pelo Jardim da Sereia, pelo Penedo da Saudade, pela Avenida Sá da Bandeira, onde a qualquer hora podemos encontrar pessoas de todas as idades a caminhar, correr, andar de bicicleta, passear ou simplesmente namorar.

Coimbra encanta-me desde a alta até à baixa.

Os encanto da Rua da Matemática ou da Ferreira Borges de tão diferentes que são que quando conjugados completam-se e ampliam-se.

Coimbra encanta-me pelo Pedro e pela Inês, cujo amor perdura para lá dos tempos e simbolicamente edificado na belíssima ponte Pedro e Inês.

Coimbra encanta-me pela poesia e pela canção, pelo Zeca Afonso, pelo Adriano Correia de Oliveira, pelo Miguel Torga e por todos os poetas e cantadores que sempre deram a esta cidade um misto de magia e sonho.

Oh Coimbra do Mondego e dos amores que eu lá tive quem não te viu anda cego quem te não ama não vive Do Choupal até à Lapa foi Coimbra meus amores a sombra da minha capa deu no chão abriu em flores. José Afonso.

Coimbra encanta-me com a sua Torre de Anto, celebre por aí ter vivido o solitário António Nobre.

Coimbra encanta-me pelos pasteis da Briosa, pelas tostas de galinha, pelo Zé-Manel dos ossos, pelas sandes de queijo fresco, condimentadas com sal e pimenta branca e regadas com um fino.

Coimbra encanta-me porque tem vida, tem juventude, tem alegria, tem sonhos…

Coimbra encanta-me porque foi aí que começou tudo o que tenho de mais precioso na minha vida, a minha família.

Bem haja Coimbra por teres sido tão atenciosa e generosa comigo.

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Publicado em Opinião