O Eurogrupo, órgão informal de ministros das finanças da zona euro, elegeu, na passada segunda-feira, Mário Centeno como o terceiro presidente da sua história.
Uma escolha que prestigia e dá credibilidade e respeitabilidade ao ministro das Finanças e a Portugal. É uma vitória política do Governo e da sua diplomacia.
Se nesta eleição existem muitos benefícios para o nosso país, não devemos minimizar ou escamotear os riscos. Entre as vantagens, espera-se um presidente do Eurogrupo que, com a sua influência, torne mais democráticas as políticas internas do fórum, que combata a ortodoxia da austeridade, que modere a rigidez do Tratado Orçamental e que permita a reestruturação da dívida europeia, entre outras medidas. Em suma, que consiga disseminar junto dos seus pares europeus a ideia de que é possível atingir as metas do rigor macroeconómico sem seguir as políticas cegas de austeridade.
Contudo, devemos atentar muito bem naquilo que possa existir de presente envenenado nesta escolha. É que, como presidente do Eurogrupo, Mário Centeno estará obrigado a pugnar pelas regras, tratados e jogos de força do órgão, o que naturalmente vai limitar a sua ação. E Portugal e o seu ministro das finanças não poderão fazer má figura, isto é, transgredir a nível interno as regras do órgão a que o próprio preside e aplica aos dezanove ministros das finanças do Eurogrupo.
A situação é, sem dúvida, complexa e o desatar deste nó górdio passa obrigatoriamente pela coragem e pela força que Mário Centeno possuirá para reformar a zona euro e o próprio Eurogrupo. Passa pela coragem e pela força que apresentará para aprofundar a União Económica e Monetária, bem como para promover o crescimento e aumentar a transparência.
Assim, todos esperamos que esta vitória seja um detonador para um novo ciclo na discussão dos problemas da Europa e do Mundo.
(Foto DR)