Entendo, como sempre o entendi, que a uma liderança nova terá que se dar sempre o benefício da dúvida. Teremos que confiar na sua vontade de fazer melhor.
Começou com decisões difíceis que agradaram a praticamente todo o dispositivo. Soube proteger os seus homens e mulheres, defendeu-os na praça pública sempre que isso foi necessário. Atuou quando a integridade física ou a vida dos polícias foi beliscada ou quando alguém colocou em causa a autoridade do Estado. Fê-lo com atuações no respeito integral pela Lei e pela Constituição, como aliás refere o nosso juramento, entregando depois nas mãos da Justiça o papel que lhe cabe nos julgamentos de quem prevarica.
O fluxo de informação é bem-vindo. Os polícias precisam de estar informados. Os polícias precisam de estar moralizados. Mas não basta, agora que passou o pior dos momentos em que todos nós fomos chamados a uma missão muito importante para o nosso país e que, orgulho nosso, saímos dela com distinção, é muito importante que esse fluxo de informação não se esqueça de referir, entre outras coisas, as seguintes:
Na nossa congénere GNR os elementos estão a ir para a reserva cinco anos antes dos Polícias, que pensa o Sr. Diretor nacional fazer com isso?
Entraram recentemente quase 600 novos elementos na PSP, para quando a lista de quem pode ir para a pré-aposentação?
Que estratégia tem para os próximos concursos? Vai manter uma dualidade de critérios que é uma injustiça gritante, e até vergonhosa para a instituição, entre a categoria de oficiais e as outras duas?
Vai implementar uma verdadeira estratégia global para combater as agressões aos polícias e em que a ASPP/PSP já contribuiu com mais de três dezenas de sugestões?
Vai resolver o gravíssimo problema das transferências?
Vai lutar pela atribuição de um suplemento de risco?
E outras que todos esperamos ansiosamente.
Todos nós esperamos boas novas. Esperamos que o nosso Diretor Nacional faça uma demonstração inequívoca que está do lado dos seus homens e mulheres, não só no cumprimento da missão, mas também nos direitos laborais. Não queremos acreditar que se resigne a ver quem comanda a ser tratado de forma discriminatória. Não queremos acreditar que o nosso Comandante supremo assista sem se revoltar, quando os polícias têm de ir para a pré-aposentação 5 anos depois de quem efetua exactamente o mesmo trabalho. Não queremos acreditar que não seja sensível à dificuldade dos novos polícias em Lisboa. Não queremos acreditar que não lute por melhores salários.
Nós queremos acreditar em si. Temos até agora boas razões para isso. Está nas suas mãos marcar uma era na história da PSP ou ser simplesmente mais um que por aqui passou e não deixou saudades.
Faça por acontecer…
José Chaves – vice-presidente da ASPP/PSP