Carga fiscal

É  já pacífico que em 2020 a economia teve uma enorme quebra. Que o desemprego aumentou e vai aumentar. Que a cobrança de impostos terá um significativo abaixamento. 

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  • 20:28 | Sexta-feira, 09 de Outubro de 2020
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Estou deveras curioso para ouvir os discursos políticos sobre as contas de 2020.

Nos últimos cinco anos temos, invariavelmente, ouvido dizer que “nunca os portugueses pagaram tantos impostos”.

Ainda no início deste ano, e relativamente a 2019, se ouviu tal acompanhado do inevitável “tivemos a maior carga fiscal de sempre”.


Ora esta lengalenga terá que ser repensada.

É  já pacífico que em 2020 a economia teve uma enorme quebra. Que o desemprego aumentou e vai aumentar. Que a cobrança de impostos terá um significativo abaixamento.

Será que vamos ouvir que os portugueses beneficiaram de uma redução de impostos?

Se os discursos políticos fossem coerentes era o que deveríamos ouvir.

Só que estaríamos a ouvir algo falso, tão falso quanto as afirmações supra referidas e relativas à 2019.

A carga fiscal é o peso, em percentagem, da receita cobrada do produto interno bruto. 

Em 2019 o valor da receita fiscal adveio do muito bom comportamento da economia, que aumentou a receita de IVA. Mas este bom comportamento fez crescer o emprego de que resultou um significativo aumento das contribuições para a Segurança Social,  pagas pelos trabalhadores e entidades patronais (as quais somam no cálculo da carga fiscal.

Ora em 2020 teremos o inverso.

Uma enorme quebra da economia.

Aumento muito vincado do desemprego, com o consequente menor recebimento de contribuições para a Segurança Social.

Nem 2019 foi o ano em que se pagaram mais impostos, nem 2020 será um ano de alívio fiscal.

2020 será recordado pela pandemia, pelas mortes por elas causadas, pelo sofrimento vivido, pelo retrocesso social que afeta o mundo.

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