O naufrágio do iate de luxo do bilionário Mike Lynch, no mar de Palermo, fez várias vítimas entre as quais se destacam o próprio Lynch e sua filha Hannah, de 18 anos.
Tal aconteceu no decurso de uma inesperada tempestade que fez adornar o barco e afundá-lo, de seguida, em breves instantes. Houve 16 sobreviventes dada a rapidez e a eficácia das equipas de socorro que num ápice acudiram.
Os outros mortos deste naufrágio foram Jonathan W. Bloomer, presidente do Morgan Stanley International e sua mulher Anne Elisabeth, Jonathan Morvillo, sócio do Cahill Gordon & Reindel LLP, um dos maiores escritórios de advocacia de Nova York e a mulher deste. Faleceu também um dos cozinheiros, de origem canadiana, sem nome.
A comunicação social internacional falou da “grande comoção por todos sentida”, da “perda inultrapassável” do “Bil Gates inglês”, da “tristíssima notícia”, das “lágrimas por todos choradas”, entre outras emotivas expressões de pesar.
E contudo, no mesmo mar, diariamente naufragam e perdem a vida inúmeros migrantes.
Não naufragam num iate de luxo, mas sim em barcaças velhas e sem as mínimas condições de navegabilidade segura.
São os pobres dos pobres que pagam com a vida a sua ânsia de fugir da miséria. Morrem eles, suas mulheres, seus filhos menores. Não têm nome, são mortos anónimos, sem valor.
No iate do bilionário, naufragado às 05h00, jantou-se lagosta e caviar e beberam-se vinhos raros. Nas barcaças dos migrantes, antes de naufragarem rói-se uma côdea dura de pão.
O mundo, pela recorrência de casos, há muito deixou de ter interesses nestas notícias e, por conseguinte, a comunicação social deixou de lhes dar destaque.
E porém, há algo que iguala os magnates e os miseráveis deste mundo… a morte. Neste caso, por afogamento, a morte é igual. Não há diferenças.
O que consterna o mundo cor de rosa é que isso possa acontecer aos bilionários que idolatram; que um iate de milhões naufrague como uma casca de noz; que se tal a esses acontece, ninguém é imune a uma análoga tragédia.