“Bandalheira!”

Ora assim sendo e fazendo fé no dicionário, andam por aí uns biltres e uns canalhas a cometer todas as torpezas, vilanias e desvergonhas (contra a Nação ou contra o PSD ou contra a AD?).

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  • 14:12 | Sexta-feira, 05 de Janeiro de 2024
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Esta semana, numa breve intervenção, o líder do PSD ou da nova AD, Luís Montenegro, utilizou mais de uma dezena de vezes o substantivo “bandalheira” para qualificar a actuação do adversário político, o Partido Socialista.

Tal reiteração em tão curto discurso é, no mínimo, isopática, obsidiante, compulsiva.

Se dermos uma vista de olhos pela net, tiramos os seguintes sinónimos desta palavra:


baixeza, bandalhice, desvergonha, ignobilidade, indignidade, obscenidade, torpeza, vilania.

As bandalheiras não acontecem por obra e graça do Espírito Santo. São geradas pelos “bandalhos” que, em idêntica pesquisa nos dá:

andrajo, biltre, bragante, canalha, chumiço, esfarrapado, farrapão, farrapo, futre, infame, 

maltrapilho, mondongo, patife, pulha, safado, trapicalho, trapo, velhaco.

Ora assim sendo e fazendo fé no dicionário, andam por aí uns biltres e uns canalhas a cometer todas as torpezas, vilanias e desvergonhas (contra a Nação, ou contra o PSD, ou contra a AD?).

Referindo-se ao PS, o linguarejar montenegrino, numa elegância e desbrago de lauto fim de almoço, é demagógica, sendo a demagogia (etim. arrastar o povo), segundo Aristóteles (1) “uma forma de governar na qual os argumentos são substituídos pelos apelos aos medos, preconceitos, amores e ódios dos cidadãos. Implica abordar os debates através da linguagem dos sentimentos e impedir, inclusive, a possibilidade de uma argumentação serena sobre a ação política.” Em suma, a demagogia é para o filósofo grego a “forma corrupta ou deteriorada da democracia.”

Este frenesim montenegrino, a assemelhar-se à guincharia de Ventura, o seu futuro aliado, indicia receio e desespero, mas ainda mais podemos concluir e voltando a Aristóteles ”é saudável desconfiar de quem, na contenda política, recorre às emoções primárias para ser o primeiro”.

 

 

(1)    In Valejjo, I, Alguém Falou Sobre Nós, Bertrand Ed., 2023

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Publicado em Opinião