Esta semana, numa breve intervenção, o líder do PSD ou da nova AD, Luís Montenegro, utilizou mais de uma dezena de vezes o substantivo “bandalheira” para qualificar a actuação do adversário político, o Partido Socialista.
Tal reiteração em tão curto discurso é, no mínimo, isopática, obsidiante, compulsiva.
Se dermos uma vista de olhos pela net, tiramos os seguintes sinónimos desta palavra:
baixeza, bandalhice, desvergonha, ignobilidade, indignidade, obscenidade, torpeza, vilania.
As bandalheiras não acontecem por obra e graça do Espírito Santo. São geradas pelos “bandalhos” que, em idêntica pesquisa nos dá:
andrajo, biltre, bragante, canalha, chumiço, esfarrapado, farrapão, farrapo, futre, infame,
maltrapilho, mondongo, patife, pulha, safado, trapicalho, trapo, velhaco.
Ora assim sendo e fazendo fé no dicionário, andam por aí uns biltres e uns canalhas a cometer todas as torpezas, vilanias e desvergonhas (contra a Nação, ou contra o PSD, ou contra a AD?).
Referindo-se ao PS, o linguarejar montenegrino, numa elegância e desbrago de lauto fim de almoço, é demagógica, sendo a demagogia (etim. arrastar o povo), segundo Aristóteles (1) “uma forma de governar na qual os argumentos são substituídos pelos apelos aos medos, preconceitos, amores e ódios dos cidadãos. Implica abordar os debates através da linguagem dos sentimentos e impedir, inclusive, a possibilidade de uma argumentação serena sobre a ação política.” Em suma, a demagogia é para o filósofo grego a “forma corrupta ou deteriorada da democracia.”
(1) In Valejjo, I, Alguém Falou Sobre Nós, Bertrand Ed., 2023