As questões da participação…
O tão falado défice cívico prende-se com o afastamento das pessoas da vida pública, isto é, da vida comum ou política.
As questões da participação ou ausência da mesma, do envolvimento das pessoas na vida comunitária, são, hoje em dia, um dos grandes desafios de toda a sociedade.
O tão falado défice cívico prende-se com o afastamento das pessoas da vida pública, isto é, da vida comum ou política. Vida política que se prende com a actividade na ‘polis’ – na cidade -, em que os indivíduos devem estar conscientes e devem assumir e praticar os seus deveres e direitos para com os outros.
É que ser cidadão implica assumir uma liberdade e responsabilidade pessoal e social. Pessoal, porque se trata de um compromisso com os próprios pensamentos, projectos, princípios e valores. E social, porque se trata do mesmo compromisso relativamente aos seus semelhantes. O Homem não pode nunca esquecer que é um ser de relação e que a melhor forma de se realizar é no convívio com os outros.
É aqui que está o nó górdio da questão e onde o homem, enquanto cidadão, tem falhado. É elevado o desinteresse dos indivíduos face à vida pública, em geral, e à política, em particular. O diagnóstico está sobejamente realizado. Existe descrédito generalizado no sistema político e nomeadamente no sistema político democrático.
E quais as razões para esta desconfiança e indiferença? São muitas as razões apresentadas. Contudo, o que convém realçar é que não se pode ficar paralisado face a esta situação. É necessário ter uma conduta de coragem e resiliência. Isto significa não fugir, não nos desviarmos do que exige luta, conflito, confronto e projecto. Também aqueles cidadãos conscientes da sua cidadania têm de ser exemplos e contribuir, contagiando os outros para uma maior e melhor participação.
A nível da organização social, é importante uma nova maneira de fazer e de se estar na política. A política e os responsáveis políticos devem estar mais ligados à realidade e às pessoas.
É que, ao contrário do que se possa pensar, a eventual solução para o divórcio entre os líderes políticos e as pessoas está na política. Necessitamos de recuperar a expressão aristotélica de “Homem animal político”. Homem que vive com os outros, um ser da cidade, que não pode ignorar a sua condição de ser social, de exercer a sua participação e envolver-se na concretização de objectivos comuns, de melhorar e dar dignidade à sua vida e à dos outros.