Segundo um estudo recentemente realizado, 80.5% dos portugueses percepciona que a vida não está melhor. E quase igual percentagem de nacionais traz na bagagem semelhante expectativa quanto ao futuro. Reclama dos Impostos altos, insurge-se contra a distribuição da riqueza, queixa-se da crise da habitação, culpa o fraco combate à corrupção, responsabiliza a falta de progressão nas carreiras, e aponta à qualidade do SNS, sector que, por várias razões, entre as quais o rombo na massa salarial nas unidades públicas, tem perdido atractividade.
A percentagem de descontentes é muito pesada e traduz um estado de insatisfação muito grande, oculta e silenciosa.
Mesmo sendo o português dado a lamúrias e a queixinhas, comodista, pouco ou nada ambicioso, o estudo faz-nos pensar que algo terá de ser feito, tirando alimento a movimentos populistas que espreitam, para beberem da desilusão.
Se cruzarmos os braços, grupos oportunistas tirarão proveito da mísera situação, alavancando um descontentamento larvar a que ainda vamos a tempo de deitar a mão, acudindo de mãos limpas, sem reservas mentais nem pré-juízos.