As opções políticas e as mortes nas urgências!

  Todos bem sabemos que governar é fazer opções e nenhum de nós tem dúvidas de que essas opções têm consequências. Estas são certezas a que nenhum governo pode fugir quando se trata de fazer a avaliação do seu desempenho político. Não é pois de estranhar que hoje todos os portugueses estão muito cientes de […]

  • 18:53 | Terça-feira, 20 de Janeiro de 2015
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Todos bem sabemos que governar é fazer opções e nenhum de nós tem dúvidas de que essas opções têm consequências.

Estas são certezas a que nenhum governo pode fugir quando se trata de fazer a avaliação do seu desempenho político.


Não é pois de estranhar que hoje todos os portugueses estão muito cientes de que as opções políticas e os cortes cegos que este ministro e o governo fizeram na saúde estão a ter as piores consequências na vida das pessoas.

Se uma urgência hospitalar sempre foi um local de risco para as pessoas, dependendo da gravidade do seu problema, o que é facto é que nos últimos tempos ir às urgências, em Portugal, passou a ser um problema acrescido, um local de risco agravado, pois as pessoas são abandonadas à sua sorte.

O registo de mortes nas urgências tem sido constante e o que é mais grave é que muitas delas aconteceram sem que às pessoas fossem prestados quaisquer cuidados.

É evidente que esta é uma daqueles temas de difícil debate, em que está em causa a morte de concidadãos nossos, mas não é por isso que devemos fazer dele um tema tabu.

Temos que o discutir. Temos que fazer dele um tema central para que o possamos erradicar do quotidiano hospitalar.

Não poderemos asseverar que os cortes na saúde foram os inequívocos culpados de tudo, até porque nunca conseguiremos efetuar comparações absolutas, mas de uma coisa estamos certos, ninguém deveria morrer, muito menos numa urgência hospitalar, depois de uma espera de sete, oito ou nove horas sem qualquer assistência.

A este propósito, Luís Osório diz, num editorial do jornal i desta semana que “há domínios em que não devemos regatear, áreas em que um desinvestimento, uma poupança é criminosa porque atenta contra o bem comum mais primário.” E acrescenta “ver uma pessoa morrer contra uma parede, desamparada, como um animal de rua, é uma metáfora de um tempo indigno.

Morrer com dignidade é o mínimo que se pode exigir ao estado, cabendo, pois, ao ministro Paulo Macedo, ao governo, garantir que essa é uma linha vermelha que não pode ser, nunca, ultrapassada.

E os problemas criados por este governo aos serviços de saúde foram tantos e de tanta gravidade que é hoje legítimo que qualquer cidadão português comece a não ter dúvidas de que este é o resultado de um vasto conjunto de más opções de políticas públicas tomadas na área da saúde.

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Publicado em Opinião