Com 2021 a aproximar-se a passos largos, ano eleitoral autárquico, a nível local os actores políticos começam a colocar as suas peças no puzzle organizacional e a contar espingardas.
No início do ano assistimos às exéquias do CDS local que ditou no final uma concelhia demissionária e interina apoiada numa distrital que sufragou o candidato ideal para fazer com que o CHEGA venha a ter uma boa votação da militância centrista, a fazer fé nos quantos, ex-centristas, que não quiseram deixar de participar no jantar com André Ventura no passado mês em Viseu. Nesta ala da direita é pois, bem mais previsível que o CHEGA venha a obter melhor resultado, conseguindo apresentar uma lista capaz, que o CDS conseguir reerguer-se das cinzas.
No PS depois da concelhia onde a vencedora antes de o ser já o era pois teve o cuidado de queimar a concorrência, o que diz bem da democraticidade do processo, estão a caminho as distritais onde a escolha é entre o mau e o muito mau, de modo que nem vale a pena perder mais tempo com comentários. Tendo em conta o histórico, de profissionais da política, não é complicado adivinhar o que aí vem.
A atenção concentra-se, pois, no PSD por várias razões, a começar pelo abandono da vereação do ainda líder da concelhia e a finalizar nos resultados obtidos no último congresso nacional. Muito já se escreveu e mais ainda se comentou sobre a saída do melhor activo que o executivo tinha na governação e ficou evidente que mais que as razões pessoais evocadas, que também o seriam, havia razões de desgaste de honorabilidade e imagem a que Joaquim Seixas não quis ficar associado. Em sua defesa, quem aceitaria ficar associado ao que hoje sabemos e ao que amanhã poderemos vir a saber?
Seja por estas ou outras lógicas o facto é que o PSD local apresentou-se no ultimo congresso, pelo que me foi dado perceber e acompanhar, com 2 listas com propostas e pessoas distintas, de um lado a lista do sistema de Pedro Alves e do outro a lista encabeçada por João Caiado, discreto deputado municipal rodeado de caras novas e não dependentes da máquina partidária para justificar ordenados ao final do mês.
O congresso acabou por legitimar esta linha que se saiu vencedora, dando assim um sinal a Pedro Alves que a sua liderança e as suas políticas estão esgotadas. Logo o estratega da derrota de Luís Montenegro tratou habilmente de trazer aos seus companheiros a mensagem de que estaria disponível para assumir as responsabilidades, mas que até seria bom que o deixassem continuar pois sempre teriam alguém a quem imputar culpas no futuro, caso a coisa descambe ainda mais que o previsível.
De novo, fica provado que habilidade política e hipocrisia não lhe faltam bem como chico-espertismo q.b. para se manter no cargo, obtido ao longo dos anos que se arrasta nas cadeiras da AR, sem que daí tivesse resultado valor acrescentado para o partido e ainda menos para o distrito. Aliás, não fora o velho Ruas vir a terreiro nas legislativas e maior teria sido a derrota do marido da funcionária de Almeida Henriques. E, eis que quando seria razoável que a linha vencedora se apresentasse a votos para a concelhia, tendo na cidade chegado a comentar-se que o cordato e conhecedor do partido Carlos Costa encabeçaria a lista, o Rossio resolve apresentar a votos o seu garante de sobrevivência política.
O escolhido para liderar uma lista única, na mesma lógica ditatorial marxista socialista, não é senão um dos elementos alegadamente próximos de Rui Rio, por aproximação a Arlindo Cunha, porventura por efeito do éter vinícola e outras artes da vinha e do copo de tinto, mas ao mesmo tempo elemento do executivo.
Esta lista por um lado garante a sobrevivência de Pedro Alves e por outro sustenta que Almeida Henriques realiza uma última candidatura autárquica, já que completar mais um mandato é outra coisa pelas razões que já todos aduziram não fosse a tradicional hipocrisia indicar que se ignore o caso. Não ouvimos nada, não lemos nada, não sabemos de nada, nem dos Tomi restam vestígios!
O indicado, que representa a geração onde pautam mais os interesses pessoais que o serviço à comunidade, a geração capaz de dormir com o inimigo desde que isso represente vantagem pessoal, tem um desempenho a nível autárquico que fala por si e basta atentarmos no MUV para com facilidade se perceber que da visão realizadora à prática vai uma diferença tão grande como a simples falta de horários nas paragens dos autocarros, mas a vantagem de fechar a porta a eventuais interessados como o arquivado Guilherme Almeida ou o motivado Carlos Costa não é desprezível para aqueles que dependem mais do partido que o partido depende deles.
Não me referi ao PCP, ao BE ou ao PAN porquanto não vale a pena perdermos tempo com minudências. E, a caixa de comentários fica aberta para começarem a refilar. Façam favor…