Michael Gromling, um dos altos responsáveis do Instituto Económico de Colónia na Alemanha alertava, semanas atrás, que, em 2023, as quebras de produção de riqueza na economia ocidental seriam substanciais.
O que tem esta notícia de relevante?
Em 2015, tivemos a ocasião de nos explicarmos sobre a questão da política salarial do governo recém-eleito. Discutia-se, acerca da urgência em diminuir a dívida soberana, ou em melhorar os salários os da função pública, sustentando, de forma a sustentar o “crescimento” da economia. Sublinhem-se os fundamentos do debate: a queda económica, cujo pico inferior acontecera em 2013, era devida à dívida excessiva e ao consequente peso das taxas de juro; ou seria austeridade “inventada” pela “Troika” (EU, BCE e FMI), e “aceite” pelo governo, a origem dessa mesma causa. O remédio seria, logicamente, diferente, em função do diagnóstico.
Tendo vencido nas eleições (2015), a segunda tendência propunha-se subir os rendimentos. O líder político cessante alertou, ato contínuo, para o perigo de uma nova crise económica. Nesse contexto de grandes expectativas/apreensões, dissemos que a próxima crise séria (e inevitável) chegaria em 2023.
É evidente que a crise, quando ela chegasse, seria tanto mais séria quanto maior fosse, nesse futuro (na altura, longínquo?), a dívida pública. A nossa reflexão prendia-se com a questão dos ciclos económicos que associávamos à evolução da tecnologia.
A importância da questão dos ciclos económicos (Kondratief) e a sua curta duração, desde o ano de 1963, parecia acentuar-se. A cada 10 anos, desde aquela data, vivêramos seis crises económicas (63/73/83/93/03/13). A meio da década, nos anos 7 (67/77/87/97/07/17) vivenciáramos, por sua vez, uma crise financeira, que marcou, sistematicamente, o pico da expansão dos fluxos financeiros.
De acordo com o autor soviético, estes ciclos nada têm a ver com políticas, ou fatores acidentais, como guerras. As políticas económicas poderão agravar ou atenuar a ação dos fatores; não poderão impedir o eclodir dos fenómenos.
Não será estranho a esta gestão (imprudente) dos ciclos económicos o facto de a generalidade das empresas em Portugal não conseguir sobreviver mais do que 7/8 anos de atividade (uma das piores “performances” da EU).
Fica aqui um alerta para o caso de a “crise da banca” ser séria, “ajudando” os decisores empresariais (e porque não, sindicais) a estar atentos aos sinais da “tempestade” que, assim acreditamos, assoma já.
Albino Lopes
(Prof. Catedrático Jubilado do ISCSP/Ulisboa)