As comichões

Rui Rio propôs a criação de um Conselho de Ética, composto por uma maioria de não deputados, evitando juízos em causa própria. Para substituir a jurássica comissão existente, que se dedica mais a defender os seus do que a honrar a virtude que lhe dá o nome, parece-me bem. Visto de fora, a quem não parece ajuizado?

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  • 12:53 | Sexta-feira, 21 de Agosto de 2020
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Quando os vizinhos são os mesmos e se prolongam no tempo, há uma tendência doentia para se repetirem comportamentos e criarem intimidades que resultam numa união, às vezes, tida como improvável.

É como se fosse o instinto de sobrevivência da espécie a exibir a vontade uníssona e voraz de contrariar tudo o que a apoquenta e belisca.

É a loba a defender as crias.


Rui Rio propôs a criação de um Conselho de Ética, composto por uma maioria de não deputados, evitando juízos em causa própria. Para substituir a jurássica comissão existente, que se dedica mais a defender os seus do que a honrar a virtude que lhe dá o nome, parece-me bem. Visto de fora, a quem não parece ajuizado? Inocente, ainda avançou com a ideia da integração de independentes nas comissões de inquérito para evitar a partidarização das deliberações. Para substituir as inúmeras que existem, anquilosadas e familiares, que produzem resmas de papel e zero de conclusões vinculativas.

Logo desancaram no homem as excelências instaladas, esquecendo as diferenças. Os mesmos de todas as horas, unidos na defesa da torre de marfim, de onde vêem o mundo com outros olhos, agregando-se, na defesa do estatuto e das vantagens que ele lhe confere, votaram contra.

Resguardaram-se, em nome da opacidade que tanto lhes convém.

O que a ideologia separa, o sebo das poltronas aproxima. Para se manterem e criarem o respaldo, que há-de garantir a sua reprodução, os políticos indígenas são uns vivaços.

 

(Foto DR)

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Publicado em Opinião