Tal significa que ninguém se acomodou e que a construção da relação se faz no dia-a-dia.
Uma das relações mais imperfeitas é a de pai e filho, sobretudo quando pais imperfeitos têm filhos imperfeitos.
E como é que um pai se torna imperfeito? Quando se desliga afetivamente de um filho, pensando que o poderá compensar com a compra de bens materiais, a que provavelmente nunca teve acesso na sua infância, nem que tal implique, por vezes, um sacrifício de elementos essenciais.
Ser um bom ouvinte nem sempre é fácil nos tempos que correm, ou porque nem sempre se tem tempo ou vontade para tal, ou então porque somos egocêntricos ao ponto de falar apenas de nós ou de como queríamos que as coisas fossem, que acabamos por não dar tempo ao outro para que este se possa verdadeiramente expressar.
Por outro lado, existem múltiplos elementos distratores em que o telemóvel ou outras novas tecnologias podem rapidamente dispersar a atenção de pai e filho.
Quando tal acontece pai e filho estão juntos, mas não comunicam. No entanto, é importante que cada um tenha o seu tempo e o seu espaço para consultar o telemóvel ou o jornal, mas apenas durante um tempo. O principal é haver tempo para que pai e filho se olhem nos olhos mutuamente e conversem.
Um pai não tem receitas, mas pode e deve indicar caminhos, para tal tem de conhecer verdadeiramente o seu filho, as suas aptidões e inaptidões, para não se gerarem falsas expectativas.
Ao filho cabe desenvolver os seus talentos individuais, de forma a que estes, no futuro, possam vir a ser úteis e reconhecidos na sociedade, sejam esses talentos de um futuro neurocirurgião ou de um calceteiro, porque todo o trabalho tem valor, mas reconhecimento diferente.