Desperdício dos dinheiros públicos, degradação do SNS, crise da habitação, crise da escola pública, caos fiscal, baixos salários, empobrecimento… segundo Cavaco Silva são estas as consequências da política dos oito anos de governo de António Costa.
Em carta saída no jornal Público, o antigo presidente da república é assertivamente crítico da governação socialista, a quem acusa de implementar uma “política de contas certas” para desviar a atenção da realidade dos factos. Vai mais longe, as “contas certas foram a armadilha que o Governo socialista montou para, com algum sucesso, desviar a atenção dos órgãos de comunicação social e dos analistas e cronistas políticos dos graves problemas do país, que são da sua inteira responsabilidade, e condicionar a atitude dos agentes do espaço político em relação ao debate do Orçamento.”
Grande parte do teor do seu artigo é gasta a “malhar” no conceito de “contas certas”, o qual, segundo ele e outros analistas é “qualificada de insólita, absurda, vazia e equívoca”, mais “é um conceito que não existe” em Finanças Públicas, não passando de uma “expressão vaga e nebulosa (…) inventada pelo poder socialista”.
Cavaco Silva dá-se ainda ao judicativo encargo de exercer a sua acerada crítica sobre os membros do governo de Costa. Segundo ele, com ministros incompetentes e de baixa qualidade moral.
Em suma, a “carta” de Cavaco refere algumas realidades, certas preocupações com as quais milhões de portugueses se confrontam no seu viver quotidiano, mas suscita também perplexidades no tocante a algumas “amnésias” pessoais.
Compreende-se que o seu exacerbado partidarismo, à boca de eleições de Março próximo, o traga ao púlpito dos comentários, num inalienável direito que lhe assiste. Aceita-se que o seu ódio ao socialismo e a António Costa tenha o circunstancial e oportuno tempo de se exprimir. Assim como o seu incondicional apoio a Luís Montenegro, com crónicas dificuldades na transmissão da sua “verdade”.
Aceita-se relutantemente que tome por parvos muitos dos seus concidadãos que não têm a memória curta e que não esquecem os seus erros governativos e os escândalos em que ele e muitos membros da sua “corte” se viram envolvidos.
(Foto DR)