O Setor Social é o conjunto de 5.680 entidades, emprega cerca de 340 mil trabalhadores e apoia cerca de 800 mil utentes. As Obras Sociais de Viseu, Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), integram esta comunidade, há 54 anos, cumpridos no passado dia 30 de abril. Não nos foi possível assinalar a data como gostaríamos, em função das contingências a que nos sujeitou o coronavírus. Estamos a trabalhar para apresentar uma novidade à comunidade, no próximo dia 01 de junho, Dia da Criança.
As crianças não estão connosco desde o dia 16 de março de 2020, um tempo longo que a todos angustia. Foram dias de muitas incertezas, imprevisibilidade e apreensão para as famílias, colaboradores e dirigentes. Deixo um obrigado a todas as famílias que confiam no nosso trabalho e nos nossos profissionais dos quais muito nos orgulhamos, pelo elevado sentido de missão que revelaram, antes e durante a suspensão das respostas socais Creche, Pré-escolar e CATL, mesmo perante a incerteza da sua situação laboral, mas, e acima de tudo, pela dor que lhes foi causada pelo afastamento forçado, mas que se impunha, das crianças com quem partilham uma grande fatia do seu tempo.
Foram muito importantes, para o reforço da nossa confiança, na qualidade de dirigentes, os resultados da sondagem realizada, junto das 1.059 instituições associadas que têm a resposta de Creche, pela Confederação das Instituições de Solidariedade Social (CNIS), à qual pertencemos, realizada no penúltimo dia do Estado de Emergência:
Dos 85,9% que considera que haverá adesão dos pais/responsáveis, metade destes considera que essa adesão corresponderá a 50% dos pais; apenas 6,1% refere que essa adesão não será superior a 24%.
Nós dizemos sim, estamos aqui para APOIAR as Famílias, APOIAR os Colaboradores e APOIAR o Estado na reposição gradual da normalidade possível até que possamos fazer frente ao vírus com argumentos mais efetivos.
Estamos a trabalhar em três frentes: formação dos dirigentes e dos colaboradores; medidas de rastreio e prevenção e reorganização e segurança dos espaços. Teremos nas normas emanadas pela Direção Geral de Saúde (DGS) o referencial de boas práticas que procuraremos seguir com rigor e determinação.
Durante este período de contingência, não deixámos de desenvolver a nossa ação de apoio e intervenção social. O Centro Apoio Alzheimer Viseu (CAAV), ainda que condicionado, manteve o apoio às pessoas com demência, aos seus cuidadores, familiares e amigos.
O Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social (SAAS), devidamente ajustado às medidas de prevenção, quer pela sua natureza iminentemente de apoio social emergencial quer pela fibra que carateriza os membros da equipa, continuou a garantir o atendimento e acompanhamento a um número crescente de pessoas que, em resultado da pandemia, se depararam, inesperadamente, com dificuldades para fazer face às necessidades básicas que lhes garantam uma vida digna.
No intuito de apoiarmos as organizações do Terceiro Setor que estão na linha da frente na prestação de cuidados às pessoas idosas, lançámos, no passado dia 3 de abril, o projeto SOS Viseu em parceria com o Município de Viseu, a Associação Empresarial da Região de Viseu (AIRV), a Associação Comercial do Distrito de Viseu (ACDV) e a VISEU MARCA. O projeto SOS VISEU surgiu com o objetivo de melhorar e promover o interface entre a procura e a oferta deste tipo de equipamento, entre as instituições e as empresas, estimulando a responsabilidade social e a solidariedade de empresas e cidadãos, através de donativos ou da prática de preços sociais neste especial contexto de crise. Este projeto permite ainda identificar as atuais necessidades de equipamento de proteção individual da parte das IPSS e lares de Viseu e as respostas e stocks disponíveis no mercado, e respetivos fornecedores (designadamente locais e regionais), articulando-as.
A nossa motivação são as pessoas, as famílias da nossa comunidade. Podem contar connosco!
Uma nota final, o desemprego disparou, a procura de apoio para bens alimentares, como refere Isabel Jonet, Presidente do Banco Alimentar, nunca foi tão grande; “Esta onda de crise criou inesperados novos pobres”; “Há pessoas a passar fome. A pobreza mata e vai matar”.
O Setor Social foi, é e será sempre um parceiro pronto para os novos desafios, mas precisa de meios e recursos para cumprir a sua missão.
Considerando que muitas instituições, antes da pandemia, se encontravam em pré-ruptura financeira, não me parece que os 3,5% de atualização dos Acordos de Cooperação sejam suficientes para fazer face à onda colossal de necessidades sociais que se adivinham, às quais importa dar uma resposta assertiva e articulada no imediato.