Apanha-se mais depressa um mentiroso do que um coxo

Se assim é com esta macro medida que entusiasmou tantos portugueses a nela acreditarem e na AD votarem, como poderemos nós, em boa verdade, fazer fá em que todas as restantes promessas eleitorais vão ser cumpridas?

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  • 13:02 | Sábado, 13 de Abril de 2024
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Este provérbio popular parece assentar como uma luva no Primeiro-Ministro de Portugal, Luís Montenegro.

Ao fim de 24 horas de mediático e arrogante espectáculo, a primeira grande promessa feita ao eleitorado afinal não passa, no dizer de economistas, políticos, comentadores e jornalistas de uma “fraude”, de uma “vigarice”, de uma “mentira”, de um “embuste”, de uma “chico-espertice”, etc. e tal…

E tudo pelo várias vezes reiterado em campanha pelo actual primeiro-ministro e repetido no passado 11 na Assembleia da República. Citamos:


“Aprovaremos na próxima semana uma proposta de lei que altera o artigo 68º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, introduzindo uma descida das taxas de IRS sobre os rendimentos até ao oitavo escalão. Esta medida vai perfazer uma diminuição global de cerca de 1500 milhões de euros nos impostos do trabalho dos portugueses face ao ano passado, com especial enfoque nos rendimentos da classe média”.

No dia seguinte, vem à liça Miranda Sarmento, actual ministro das Finanças precisar o anteriormente dito por Montenegro e clarificar que a referida redução sobre o IRS não passava de um desagravamento fiscal de duzentos milhões de euros, ou seja, menos mil milhões e trezentos mil euros do que o prometido, agravado pelo facto de ter sido uma medida do cessante governo no montante de 1,33 mil milhões de euros.

Lá se vai o estado de graça, lá se vão os sorrisos triunfalistas, lá se perde a arrogância de um governo eleito por mais 50 mil votos do que o segundo partido mais votado, com os mesmos 78 deputados eleitos…

Se assim é com esta macro medida que entusiasmou tantos portugueses a nela acreditarem e na AD votarem, como poderemos nós, em boa verdade, fazer fá em que todas as restantes promessas eleitorais vão ser cumpridas?

Como se não bastasse, hoje, o Conselho de Ministros, emitiu um comunicado, no mesmo sobranceiro tom de quem nunca se engana e só fala verdade, a dizer, em síntese, que estamos todos enganados. Como dizia há pouco um jornalista na CNN, “este comunicado quer fazer de todos nós burros”. Assim termina, o dito cujo:

“Muito mais grave, porém, é a tentativa de querer disfarçar esse erro, com acusações inadmissíveis e infundadas relativamente ao Primeiro-Ministro e ao Governo, de que faltaram à verdade ou enganaram. É merecedora de cabal repúdio essa tentativa de querer disfarçar erros próprios de interpretação, cálculo ou ficção, com imputações incorretas a outros. O Governo repudia veementemente tais irresponsáveis acusações.”

Rui Rocha, da IL já veio também hoje dizer: “Não é um choque fiscal. É um retoque fiscal. Não é nenhuma surpresa para a Iniciativa Liberal, mas marca o fim do estado de graça deste Governo. Durou dois dias. E durou dois dias porque as pessoas não estiveram atentas”.

Mariana Mortágua, do BE, afirma: “A descida do IRS é afinal um embuste. A única promessa que não era a brincar é a redução do IRC sobre os lucros das grandes empresas. Ao fim de uma semana, imprensa já pede desculpa aos leitores por ter acreditado em Montenegro.

Enfim, quando se preparava a procissão para sair do adro da igreja, logo o pálio se abate sobre a Cruz.

O que mais estará para vir?

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Publicado em Opinião