Carlos Costa, quase eterno governador do Banco de Portugal (BdP), veio hoje anunciar que tem tudo sob controle no tocante ao BIC e ao caso “Luanda Leaks”, e tal desde o arresto dos bens a Isabel dos Santos, pelo governo de Angola.
Sobre este assunto tão propagado, “Luanda Leaks” e depois dos meios de comunicação nacionais e internacionais terem nele investido rios de tinta e quilómetros de imagem, de repente, fez-se um silêncio granítico. Tal prova-nos que, seja qual for o tema, ele só tem relevância enquanto está na berra, e estar na berra é um estatuto concedido pela maior ou menor atenção que os média lhe concedem, não propriamente pela escandalosa grandeza dos assuntos em causa. Ou então, também o inverso será verdadeiro: a grandeza do escândalo atrai os média que, insaciáveis, depressa se cansam daquela passageira novidade, rápido correndo para a próxima.
E de facto, o Coronavírus tem desviado a atenção de tudo o mais. Quase tanto como os desaires do futebol português.
Infelizmente, a opinião pública em geral já não consegue acreditar em metade do que o governador do BdP afirma, pois a sua verdade esbarra frequentemente na realidade dos factos.
Acrescente-se que enquanto regulador do sector que mais danos tem causado aos portugueses e à economia portuguesa, a incontestada inoperância sucessivamente demonstrada indicia um estranho corporativismo, eventualmente para além das claras e desejadas práticas.
Também estranha e grave é esta notícia dada pelo CM acerca do banqueiro João Rendeiro, fundador do Banco Privado Português:
O Ministério Público deixou caducar o arresto de dois imóveis a João Rendeiro, ex-presidente do BPP. Um despacho do juiz do processo dos prémios dos antigos administradores do BPP, no qual o MP reclama uma indemnização de mais de 9,9 milhões de euros a favor do Estado por não pagamento de impostos, revela que “decorreu mais de um ano após o respetivo registo [da apreensão], pelo que o respetivo registo já se encontra caducado.”