Os portugueses já perceberam que a corrida a Belém anda renhida. Os candidatos sucedem-se às catadupas, não perdendo a oportunidade de se porem em bicos de pés para se mostrarem, sorridentes e valentes, aos eleitores.
O almirante Gouveia e Melo que se destacou no tempo das vacinas-covid, por coordenar com jeitinho a sua distribuição e aplicação ao luso povo, foi feito herói pelos media, ávidos deles e de conteúdos que os sustentem e tornou-se quase viral, não como a peste, mas como um sebastiânico mito recém ressuscitado dos pântanos de Alcácer Quibir.
Tanto o endeusaram que o almirante Melo saiu do seu anonimato e concluiu ser mesmo uma figura excelente e já nem servir para Chefe do Estado Maior da Armada, antes sim, ter todos os requisitos para presidente da Nação, dest’arte unida em torno da sua figura e do seu desiderato.
Professor universitário, mesmo sem provas públicas e apenas convidado, dá sempre um toque científico relevante.
De seguida, a Revista da Armada, cujo chefe-mor é o almirante Melo, consagrou-lhe um número de louvor, enaltecimento, encomiástico e de exaltação dos feitos e façanhas por ele cometidos, pondo-o até em ameno diálogo com el-Rei Dom João II, cognominado de “Príncipe Perfeito”, que foi rei de Portugal e dos Algarves de 1481 até 1495 e um impulsionador da exploração atlântica em busca do caminho marítimo para a Índia.
Aliás, já em tempos, um dos notáveis do CDS que foi ministro dos Mares, a João se “ajuntou”…
Como se vê, o almirante Melo não poderia arranjar melhor “discípulo” para desbravar, de braço dado, caminho até Belém.
Note-se que ninguém põe em causa a linha editorial da revista nem o seu “legítimo proprietário”. Tão pouco se questiona quem a paga e a oportunidade temporal do artigo. No fundo, e isso é que interessa, também este número, em breve, se poderá acrescentar ao tal CV.
Quanto a ideias do almirante Melo e à sua experiência e conhecimento político nada se sabe de substantivo, mas também não será preciso, pelo que se vê por esse mundo afora, desde os EUA à Argentina, e não só.