Alzheimer e outras demências: há tanto para fazer

Temos que mudar radicalmente a forma como olhamos, apoiamos e cuidamos das pessoas com demência, dos seus cuidadores e respetivas famílias. De uma vez por todas, consideremos as demências como uma prioridade social e de saúde pública.

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  • 11:06 | Segunda-feira, 13 de Fevereiro de 2023
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Estou grato à Alzheimer´s Disease International (ADI) pela oportunidade que me foi dada de poder fazer o ponto da situação em Portugal, no que concerne ao compromisso assumido pelo Estado português, em 2017, de criação de uma Estratégia ou Plano para as demências. Portugal, conjuntamente com os 194 Estados-Membros da OMS, adotou por unanimidade o Plano de Ação Global da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a Resposta da Saúde Pública à Demência, sendo o objetivo principal do plano a criação de planos e estratégias nacionais para as demências.

No entanto, o Relatório da Situação Global da OMS (2021), sobre a resposta da Saúde Pública à demência, com o objetivo de acompanhar o progresso dos Estados-Membros, demonstrou que Portugal ainda não está a implementar a Estratégia Nacional da Saúde para a Demência, lançada em 2018 e, portanto, não cumpre o compromisso de fornecer cuidados e apoios adequados para aqueles que vivem com demência, os seus cuidadores, respetivas famílias e comunidade.

As urgentes mudanças ocorrem a um ritmo lento, quando, face ao “tsunami” devastador das demências, precisamos de efetivar medidas que tenham na sua base o pressuposto, afirmado pela OMS, de considerar as demências uma prioridade de saúde pública (Dementia: a public health priority, 2012) e também social.

 


 

No Workshop #WhatsYourPlan, organizado pela ADI, com as entidades associadas, no âmbito da 13.ª Conferência Pan-Helénica da Doença de Alzheimer e da 5.ª Conferência do Mediterrâneo sobre Doenças Neurodegenerativas, dei nota da minha frustração pela não efetivação da Estratégia de 2018. Referi também a esperança de que, sendo Fernando Araújo o CEO para a Saúde, o Governo volte a colocar as demências na sua agenda. Recordo, com esperança e gratidão, uma reunião de trabalho com Fernando Araújo (à data, eu era presidente da Alzheimer Portugal) que denotou sensibilidade e vontade de fazer acontecer. Recordo, ainda, que foi nesse período, o Ministro da Saúde era Adalberto Campos Fernandes, que se avançou na direção certa. Ainda que com outro Ministro, Manuel Pizarro, e noutra posição, faço um apelo a Fernando Araújo, chame a si este assunto, sensibilize o senhor ministro, efetive a Estratégia e faça a ponte com a senhora Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, para que possamos avançar para a criação do Plano Nacional para as Demências.

Temos que mudar radicalmente a forma como olhamos, apoiamos e cuidamos das pessoas com demência, dos seus cuidadores e respetivas famílias. De uma vez por todas, consideremos as demências como uma prioridade social e de saúde pública.

Foi muito bom assistir, no segundo dia de trabalho (9/02/2023), à apresentação da Catarina Alvarez: The Portuguese Informal Network – Museums for Inclusion in Demencia. Foi, recentemente, criada a rede nacional de Museus para a Inclusão na Demência (MID), no sentido de desenvolver e partilhar boas práticas, capacitar as equipas das instituições culturais e consciencializar a comunidade para o tema das demências, cada vez mais relevante do ponto de vista social e da saúde pública.

Viseu tem dois museus que integram a rede – Museu Tesouro da Misericórdia de Viseu e Museu Nacional Grão Vasco – e que dinamizam o projeto EU no MusEU. Parabéns a ambos pela dedicação, empenhamento e trabalho de excelência que desenvolvem.

A sociedade civil tem trabalhado na construção de uma comunidade amiga na demência, Precisamos, com urgência, que o Estado faça o que lhe compete e cumpra os compromissos assumidos, nos planos nacional e internacional.

 

 

 

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