Assisti, a convite da Alzheimer Portugal (AP), à Conferência Internacional “Alzheimer e o Mediterrâneo: Trabalhando em Parceria para um Melhor Entendimento”, que teve lugar a 11 e 12 de Novembro, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, organizada pela AP e pela Associação Monegasca para a Investigação sobre a Doença de Alzheimer (AMPA).
Foi interessante ouvir o enquadramento geopolítico que coube em responsabilidade a Luís Amado, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros. Num discurso em tom bastante pessimista, quanto ao presente e futuro dos países do Mediterrâneo, fez chamadas de atenção para a frustração resultante da “primavera árabe” e o agudizar de alguns conflitos entre os mundos islâmico e ocidental.
Se é facilmente perceptível a panóplia de traços distintivos entre os diversos países, há uma preocupação que lhes é comum, a luta contra a doença de Alzheimer. Esta conferência foi útil porque deu a conhecer o trabalho que é realizado em diversos países: Grécia, Chipre, Espanha, Líbano, França, Portugal, Marrocos, Egipto, Malta, Itália, Tunísia, Eslovénia, Croácia…
A representação social “sombria” da doença torna os doentes e os seus cuidadores “invisíveis”. O estigma está fortemente presente, sendo frequentes os sentimentos de negação e vergonha. Resulta, pois, fundamental que se comunique bem e se consiga mediatizar este problema, para que o olhar do “outro”, da comunidade, não seja tão intimidante.
Acredito que esta aliança, entre os países do Mediterrâneo, para partilhar inquietações, relatar experiências e definir estratégias poderá, além dos benefícios diretos à população, funcionar como lobby que permita colocar esta inquietude na agenda política e mediática.
Em Portugal, já seria muito positivo a concretização do Plano Nacional para as Demências que, como referiu o Dr. António Leuschner, permitirá planear os cuidados, organizar os serviços, formar e investigar.