Almeida Henriques em busca do Wally

Para a peça ser perfeitinha, conseguiu dizer tudo com um ar sério, ferozmente convicto do que dizia e ciente de que todos nele acreditavam maravilhados.

Texto Paulo Neto Fotografia Rui Duarte Silva (DR)

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  • 19:46 | Domingo, 09 de Fevereiro de 2020
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No permeio da semi-secreta e muito privada reunião na Quinta da Presa (lindo nome!) que congregou os 200 e tal militantes dissidentes de Rui Rio, Almeida Henriques incluído, no decorrer das comunicações ouvidas no 38º Congresso do PSD em Viana do Castelo, o autarca viseense, fulgurante figurante muito ágil em palco e onde houver microfone e câmara, aproveitou o ensejo para pedir ao Rui Rio firmeza a fim de “acabar com o tiro ao alvo aos autarcas”.

Rui Rio talvez lhe pudesse dizer que nunca fora, em 12 anos à cabeça da segunda maior autarquia do país, autarca-alvo desse tipo de tiros, mas optou por ignorá-lo.

Almeida Henriques usou de uma singular esperteza: perante uma casa cheia, onde nenhum dos presentes desconhece os casos em que é arguido, usou a táctica da vulgarização, na retórica do “somos todos disso vítimas” e eu, solidário injustiçado, por vós peço e assim o digo: “ onde é que está aquele que ainda não foi sujeito a processos de suspeição e a julgamentos sumários na praça pública?” afinal  onde está o Wally?”…


Estimado Almeida Henriques, se formos todos arguidos até pode acontecer que consigamos inverter o acto e a acção, pelo menos na opinião pública, e de seguida, podemos também em coro entoar “o choradinho da cabala” e jogar a rábula das vítimas da Justiça, ou da “judicialização da política”. Patético, mas bem pensado.

Se em 308 houver 304 manetas e 4 que o não são, estes serão os “anormais” olhados de través pelos restantes…

Para a peça ser perfeitinha, conseguiu dizer tudo com um ar sério, ferozmente convicto do que dizia e ciente de que todos nele acreditavam maravilhados.

E a remate desta oratória, o ex-mandatário nacional de Santana versus Rio, o fervoroso apoiante de Montenegro versus Rio, ainda teve a supina arte de ir pedir firmeza ao eleito adversário de sempre… e de deixar uma ameaça a pairar: “muitos de nós podemos de hoje para amanhã não estar disponíveis para a vida pública”.

Préclaro autarca, se for promessa séria, conte connosco. Vamos fazer votos de que seja de facto vítima e de que, indignado, se retire definitivamente e por seu pé, numa saída ainda airosa e eivada de alguma dignidade.

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Publicado em Opinião