Apesar dos 828 milhões de pessoas que, no mundo, diariamente se deitam com fome, dos violentos protestos no Irão, da repressão no Afeganistão e da guerra na Ucrânia, que parece não ter fim, hoje fico-me pela D. Alexandra, um assunto mais doméstico, embora igualmente melindroso.
Depois de ter ingressado na TAP, em 2017, volvidos 3 anos passou a administradora executiva da empresa com um vencimento bruto anual de 245.000€ e um salário mensal bruto de 17.500€.
Uma ofensa ominosa, um saque, para o bolso dos contribuintes. No final de dois dos quatro anos do mandato, renunciou ao cargo, por sua iniciativa, recebendo uma indemnização de 500.000€. Um montante que queima, como ferro em brasa.
Quatro meses depois, em Junho, foi nomeada presidente da NAV, Navegação Aérea de Portugal. TAP e NAV, empresas tuteladas pelos Ministério das Finanças e das Infra-Estruturas. Fiel e dedicada, manteve-se ligada aos mesmos patrões.
Não estão em causa, nem a sua competência profissional, nem a legalidade da indemnização, que será sua por direito. Nem se trata de incompatibilidades. O que aqui importa é de coisas mais sérias: a decência, a limpeza e a higiene do procedimento, que não houve.
Sair pelo seu pé, e ser indemnizada, pode estar previsto no contrato, mas é imoral, é injusto, é torto. E revela bem como se tratam os administradores de empresas intervencionadas pelo Estado, banqueteando-se com despudor à mesa do orçamento.
Pagam as excentricidades dos vencimentos chorudos e das indemnizações escandalosas com o dinheiro que é de um povo esmifrado até ao tutano, esforricado até aos ossos.
Tão novinha, 48 anos, e tão prendada, terá, seguramente, uma carreira milionária pela frente, para seu bem e dos acólitos familiares.
Ao Dr. António, príncipe dos silêncios, não se lhe ouve um comentário, talvez achando que se trata de um não assunto, e embora eu pense que se anda a pôr a jeito.
Não há treino que mude a natureza das pessoas.